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“Paraquedistas” sobrevoam listas de PS e PSD na Guarda

José Sócrates deverá impor nome nacional aos socialistas, enquanto os sociais-democratas poderão ter Carvalho Rodrigues como cabeça-de-lista

Os “paraquedistas”, figuras impostas pelas estruturas nacionais, podem liderar as listas dos dois maiores partidos pelo círculo da Guarda às legislativas de 5 de junho. Os candidatos de PS e PSD ficarão decididos por estes dias, uma vez que os sociais-democratas discutiram a composição das listas ontem à noite e os socialistas reúnem amanhã, em Celorico da Beira, para fazer o mesmo. As escolhas terão depois que ser ratificadas pelas respetivas comissões políticas nacionais. Dia 26 é o prazo limite para a entrega das listas.

No PS, já se sabe que, de acordo com os estatutos, as comissões políticas de federação têm direito a escolher dois terços do total de candidatos a deputados, sendo o restante terço reservado à quota do secretário-geral do partido. Por cá, é quase certo que vai prevalecer a vontade de José Sócrates na escolha do cabeça-de-lista. Assim sendo, o que está em causa são os lugares seguintes e a luta está ao rubro, tudo por causa da possibilidade de José Albano Marques voltar a ser o número dois. O deputado eleito em 2009, com Francisco Assis, renunciou ao lugar no Parlamento para assumir a direção do Centro Distrital da Segurança Social e a sua eventual inclusão nas listas está a ser muito mal vista por alguns socialistas. O dilema está agora em saber se José Albano se contenta com esta função ou se volta a baralhar as contas de apoiantes e adversários internos, tal como há dois anos. O terceiro lugar da lista depende, por isso, da decisão do presidente da Federação da Guarda.

Perante a falta de protagonismo distrital dos restantes dirigentes socialistas e o séquito de adversários que o líder granjeou neste mandato e meio, nomeadamente na concelhia da Guarda, o nome de André Figueiredo ganha peso, tanto mais que há dois anos saiu de cena para permitir que Rita Miguel e a concelhia da Guarda ficassem mais perto de um lugar elegível. Terá chegado a hora de cobrar o “sacrifício”. Santinho Pacheco é a alternativa em cima da mesa, fruto do seu trabalho como Governador Civil, até porque Joaquim Valente já descartou a possibilidade de integrar as listas. «O meu compromisso é com os eleitores da Guarda», disse na segunda-feira. Em risco estará a continuidade de Rita Miguel na Assembleia da República, isto porque Olga Marques, a dirigente local das Mulheres Socialistas que tem vindo a subir no seio da Federação, ganhou destaque ao ser eleita para o Conselho Nacional do PS no último congresso. O problema é que é irmã do presidente da Federação e não ficará bem dois familiares na mesma lista.

PSD quer os mesmos candidatos de 2009

No PSD, tudo indica que a escolha dos três primeiros candidatos vai recair sobre os mesmos de há dois anos. Isto porque é diretiva da Comissão Política Nacional que os autarcas não possam ser candidatos, o que exclui definitivamente Álvaro Amaro e Júlio Sarmento. Assim sendo, Carlos Peixoto, João Prata e Ângela Guerra ocuparão novamente os lugares cimeiros da lista, embora haja militantes da Guarda e de outras concelhias que apoiem o presidente da Junta de S. Miguel para ser o primeiro. Os critérios que vão nortear a formação da lista foram aprovados na passada sexta-feira, em Assembleia Distrital. Um deles defende que haja um candidato por concelhia, outro que os elementos propostos sejam oriundos e residentes no distrito. Isto é, pretende-se assegurar a representatividade distrital e evitar os “paraquedistas”, o problema é que as regras nem sempre podem ser cumpridas.

Neste caso, ao que O INTERIOR conseguiu apurar, porque há muita pressão da estrutura nacional para que a lista seja liderada por uma pessoa estranha à distrital. O nome de Carvalho Rodrigues é a hipótese que está a circular e que, por cá, é considerada «um mal menor», pois o cientista é natural de Casal de Cinza, freguesia do concelho da Guarda. Outro problema pode surgir se se concretizar a indicação do nome de Ana Manso pela concelhia da Guarda, o que vai subverter o critério de um candidato por concelho na lista, uma vez que já lá está João Prata. Um pormenor que deve ter ficado esclarecido ontem à noite.

Luis Martins

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