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Óscares – Nomeados para Melhor Filme de 2017 (parte II)

Opinião – Ovo de Colombo

Fences (Denzel Washington): é um dos nomeados com melhores diálogos e interpretações, acompanhados por uma boa história. Porém, não fez clique em mim dado o ritmo não muito hipnótico nem perturbador. “Fences” é uma adaptação de uma peça de teatro de 1983 do mesmo nome. Por mais justas que tenham sido as razões que permitiram a obtenção do Tony e do Pulitzer, não me parece que “Fences”, enquanto filme, mereça levar o Óscar para casa pela sua falta de força cinematográfica. 3,5/4

Hanksaw Ridge (Mel Gibson): este filme, contextualizado na II Guerra Mundial e de carácter biográfico, foca-se no fascinante dilema entre os preceitos pacifistas da religião católica e os atos de patriotismo sustentados na violência (o que é afinal praticar o bem?). Não sendo um dos favoritos ao Óscar, considero este filme, que levanta relevantes e atuais questões éticas de forma algo imparcial, bastante interessante, completamente frenético e muito bem filmado (vale dizer, todavia, que a fotografia revela-se, por vezes, demasiado crua e violenta, contrastando com a temática sensível do filme). 3,5/4

Hidden Figures (Theodore Melfi): embora não me tenha seduzido particularmente, seria insensato não reconhecer a inspiradora e verídica história tão bem narrada pelo filme – na sociedade racista norte-americana dos anos 60, três mulheres cientistas negras (Katherine, Dorothy e Mary), trabalham num meio dominado por homens brancos, a NASA, conseguindo mostrar-se fortes e vencedoras face às adversidades. “Hidden” possui uma aura agradavelmente sóbria e apresenta personagens irresistivelmente carismáticas que seduzem qualquer espectador. 3,5/4

La La Land (Damien Chazelle): O musical (clássico) é o meu género favorito, por isso, é-me difícil não gostar de “La La Land”. Este é, em parte, um tributo aos musicais da era dourada de Hollywood: temos referência aos musicais de marinheiros de Gene Kelly e de Frank Sinatra, às pinturas da “Cidade Luz” de “An American in Paris”, à dança espontânea de “The Band Wagon”. Pondo a questão do gosto de lado, o que posso dizer sobre “La La Land” é que é uma obra-prima, o melhor filme de 2016. Tudo é soberbo neste musical, a começar pela música, completamente viciante e inspiradora. Bons diálogos, estonteante fotografia, figurino glamoroso e uma fantástica Emma Stone (ela tem de ganhar o Óscar de melhor atriz) fazem o resto. Atualmente há muito preconceito em torno do musical. Se se colocar isso de lado e se perceber que o real e o irreal podem conviver de forma perfeitamente harmoniosa (especialmente num musical), então “La La Land” será uma agradável companhia que ficará para sempre na memória de quem o vê. Não é um musical escapista, não é apenas um tributo aos clássicos. É um filme que conta uma história atual (atemporal até) e de forma refrescante: os sonhos que só os tolos se atrevem a sonhar. 4/4

Miguel Moreira

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