Estreiam num país em grave crise de crescimento económico várias catedrais do consumo. Abre em Coimbra o Fórum e no Porto um dos maiores El Corte Inglês. Com algum espanto sei que se projectam mais ainda, baseados num conjunto de estudos de mercado feitos por empresas credíveis. Pode uma economia da nossa escala viver só de serviços? Imaginemos que estas lojas vivem dos seus empregados, faltava a mais-valia, porque o custo da capacidade instalada é superior à dos seus salários e portanto tinha de vir a impossibilidade. Então numa escala muito maior as lojas alimentavam-se umas às outras? Também só seria possível associando os produtores de outros serviços, como educação e saúde, que viveriam dando prejuízo. O problema é que em economia alguém tem de pagar o desperdício e o prejuízo das empresas e das instituições públicas. É o arrecadado em impostos que vai cobrir tudo isto. Logo, não pode ser o imposto dos lojistas e seus funcionários que paga tudo. Juntemos então o turismo e a construção civil. Teríamos de receber mais do dobro de turistas que a nossa realidade actual. Espanha não vive deles e tem 40 milhões de turistas ano. Continua a não garantir todo este sector de serviços e os milhões de carenciados de Segurança Social. Portugal quer mesmo melhorar a sua rede de prestação de cuidados continuados e portanto o sector de serviços. Estamos num Portugal em que as maiores fortunas foram banqueiros, industriais e agora é o Eng. Belmiro de Azevedo no sector de serviços e o grande Stanley Ho no mundo do jogo. O Eng. Belmiro tem supermercados, “shoppings” e telemóveis, saúde. Gostava de tomar conta da PT – empresa de serviços – mas não se lhe conhece um projecto industrial, uma Lisnave, uma Setenave, uma CUF e tantos outros suportes de um Estado que vendia e exportava. Tudo isto é estranho e me preocupa. Também ponho a possibilidade de não perceber nada disto e todo este raciocínio estar errado.
Por: Diogo Cabrita