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Os remendos do senhor presidente

Atente-se no que escreveu um leitor, n’O Interior há poucos dias das eleições autárquicas de Outubro, comentando um artigo, altamente elogioso para com o, na altura, de novo candidato à presidência da Câmara da Guarda, Joaquim Valente, que tinha por título: “Há que dizer bem de quem fez bem”.

“…Reparou que as “máquinas do alcatrão”, que ninguém viu ao longo destes quatro anos, andaram numa autêntica correria, ao longo destes 15 dias de campanha, colocando remendo aqui, remendo além, indiferentes à chuva que caiu na última semana? Imagina quantos meses, para não dizer semanas, durará o alcatrão colocado nestes dias de chuva e de uma forma tão apressada e leviana? É este homem que nos quer impingir como presidente de câmara-modelo, senhora comentadora?”

As reportagens que este jornal – e muito bem – tem feito sobre o miserável estado das obras realizadas nessa altura vieram demonstrar, na prática, a pertinência do comentário. Como é possível que um cidadão anónimo consiga “adivinhar” aquilo que um presidente de Câmara, ainda por cima ostentando o título de engenheiro, não consegue vislumbrar?

De facto, muitos milhares de euros, para não dizer milhões, foram pura e simplesmente atirados para o lixo por Joaquim Valente na sua ânsia – conseguida, diga-se – de enganar os incautos eleitores. Continua, agora, uma vez mais, a utilizar a mesma técnica, tentando “fazer ver” que atira para cima dos empreiteiros a responsabilidade que lhe cabe a ele por inteiro e que, por isso mesmo, não haverá um único que aceite responsabilizar-se pelas insensatas e dispendiosas medidas eleitoralistas do senhor presidente.

Apesar do que foi dito, sabe ele que esta “cortina de fumo” é engodo suficiente para convencer os mesmos que lhe deram os cinco vereadores de que a culpa é dos empreiteiros e de que os vai responsabilizar. (…)

A questão não é de somenos importância. Bem pelo contrário. De facto, há “figurões” (e muitos) neste país que vão esbanjando e destruindo os nossos parcos recursos, com total impunidade, pois era suposto que quem os elege estivesse atento à sua acção e os penalizasse pelos desmandos praticados. Qual quê? O que se tem verificado é exactamente o contrário. Até quando, pergunto eu?

Seria importante que a senhora Luísa Queirós, autora do tal artigo elogioso, se pronunciasse agora sobre estas situações e se acha que isto é fazer bem ou se, numa altura de penúria como a que estamos a atravessar, não será ainda fazer melhor a admissão de cerca de uma centena e meia de novos funcionários para a Câmara que, Valente, de nome, se propõe contratar. Tudo isto já no sentido da ampliação da base de apoio para futuras eleições, única situação em que este homem parece ser, infelizmente, verdadeiro especialista.

Manuel dos Santos, Guarda

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