P – Qual o sentimento por receber um prémio com o nome do reconhecido escritor Alçada-Baptista?
R – Foram três emoções num só prémio. Primeiro, o reconhecimento do meu trabalho por parte do júri. Segundo, o facto de vencer um concurso sob pseudónimo, e vencer na minha terra (onde os santos da casa, geralmente, não fazem milagres…) Terceiro, ter o meu nome associado a um escritor que eu admirava desde que li “Peregrinação Interior”. Depois li outros romances e muitas das suas crónicas. Foi sempre uma referência literária para mim… Tem uma escrita muito intimista, como eu gosto!
P – Já tinha ganho antes o prémio Literário Vergílio Ferreira. O facto de ter ganho dois prémios literários com os nomes de dois grandes escritores portugueses é inspirador para o seu trabalho?
R – São duas figuras que eu muito admiro e respeito. Mais que inspirar, creio que responsabilizam. Mas é um privilégio. Espero corresponder com mais trabalho e mais obras.
P – Como resume o romance “Gama, o herói imperfeito”?
R – Gama sempre nos foi apresentado como o grande herói dos Descobrimentos… E tendemos a endeusar os nossos heróis, mas ele era imperfeito como todos os humanos. Este livro é o revisitar da sua faceta mais sombria e os erros cometidos na sua viagem às Índias, que o levou a perder o comando da armada para Pedro Álvares Cabral. Um nobre de segunda linha com necessidade de afirmação, com um feitio irrascível, boémio, quezilento, impiedoso e com espírito de vingança, acabou por assegurar um lugar na história à custa do seu irmão, da amizade do rei D. Manuel e da sua tenacidade.
P – Qual é a sua inspiração?
R – Os anteriores romances tinham uma temática diferente – eram viagens à intimidade dos relacionamentos. Esta vertente mais histórica surgiu como uma necessidade de mudar, uma necessidade de afrontar novos reptos, e respondendo ao desafio para escrever um romance biográfico sobre Pedro Álvares Cabral, um romance que deve sair em finais de março. Vai chamar-se “Vera Cruz”.
P – Este reconhecimento é acompanhado em termos de vendas e leitores?
R – Os prémios valem pela notoriedade e pela credibilidade que nos é dada entre pares. Acabam por chamar mais a atenção para as nossas obras, mas isso não significa mais vendas de imediato. O aumento de leitores surge mais pela atenção de quem já leu e recomenda, e também pelas inúmeras partilhas nas redes sociais.
P – Estes prémios chamaram a atenção das grandes editoras, ou já tentou publicar nalguma delas?
R – Tenho avançado com algumas edições na KREAMUS, mas o “Diário dos Infiéis” foi publicado na Oficina do Livro, do grupo Leya, e os próximos devem ser editados pela editora Clube do Autor – estou muito contente com o trabalho profissional da Cristina Ovídeo, a minha editora…
P – Já está a trabalhar numa próxima obra?
R – Estamos sempre, sempre, a trabalhar numa próxima obra, nem que seja mentalmente. Mas, no meu caso, estou já adiantado e estou a rever um novo romance, um casal que não sabe comunicar e anda às voltas com a verdade e o perdão…