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Os pastéis de nata

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Imaginem que criamos uma patente e dela damos parte definitiva para apoios sociais. Imaginem que essa patente tem a transversalidade e a universalidade do pastel de nata. É para todos, é acessível, sabe maravilhosamente no fim de almoço, acompanha com o café, tem vantagens ao pequeno-almoço, transporta a boca para sabores mágicos. Permite detalhes como as de Belém e as da Praça da Figueira. Ele há natas e natas e são todas natas, mas não é bem assim! Umas massas folhadas mais crocante, outras mais leves. Cremes com mais e menos farinha, mais e menos ovos. Mais limão, menos canela, mais leite, melhor leite. Como a democracia, cada cozinheiro tem seu detalhe na mesma nata e cada um vale apenas um voto.

Imaginem que uma terra se lança na criação de uma surpresa que compete com os pastéis de Tentúgal, ou as queijadas de Pereira, ou os ovos-moles de Aveiro, pão-de-ló de Ovar, dons-rodrigos do Algarve, areias de Cascais, amores de Azeitão, bolo de mel da Madeira, mas nesta peça de culinária nova acrescentamos um folheto que identifica os fins a que se destinam os bolos patenteados. Imaginem um folheto que diz 30% para fins sociais (tratamentos dentários de crianças, apoio escolar), 25% para apoio à investigação de novos projetos, 25% para apoios a equipamentos desportivos públicos e biblioteca municipal. O restante será para alindar o concelho e pagar os direitos de autor. Como é que isto funciona? Como tudo o que passa por direitos que concernem a patentes e autores, fiscalizado pelas respetivas instituições. Imaginem o que teria sido com os lucros de todos os pastéis de nata que já se comeram de Portugal a Macau. Disse-me um amigo: até se compram para ajudar, já não é só para comer!

Por: Diogo Cabrita

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