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«Os municípios estão cada vez mais interessados nas energias renováveis»

Cara a Cara – Entrevista

P – Quais os objectivos da EnerArea – Agência Regional de Energia da Beira Interior?

R – Prendem-se com a optimização energética e a utilização de energias renováveis.

P – Que balanço faz do trabalho desenvolvido desde 2001?

R – Temos tido uma maior presença no terreno. É importante verem que o nosso trabalho está a ter resultados. Os estudos de optimização energética para os concelhos abrangidos pela Associação de Municípios da Cova da Beira podem levar a poupanças de cerca de 450 mil euros, além da redução da emissão de CO2 superiores a cinco toneladas por ano e da redução do consumo de energia. Por outro lado, há também uma crescente procura da parte do consumidor comum, que nos contacta para optimizar a energia que consome, nomeadamente na redução do tarifário da EDP. Além disso, a nossa associação tem já um reconhecimento internacional.

P – O que está a ser feito em relação à promoção de energias renováveis?

R – Temos em mão a realização do plano de energia solar térmica para todos os municípios e vamos fazer o mapa eólico, em parceria com uma empresa espanhola. Este projecto engloba a instalação de nove torres de medição e a elaboração do mapa dos pontos com mais rentabilidade para a instalação de parques eólicos na região. Estamos ainda a desenvolver o projecto BioRural, para aproveitamento da biomassa, em que pretendemos criar pequenos parques para instalar um desfragmentador e compactador. Estas unidades funcionarão em todos os concelhos, mas como o equipamento é móvel, vai circular por todos eles para fazer briquetes que poderão ser utilizadas em escolas ou outros equipamentos municipais com caldeiras de biomassa. No plano de optimização energética que realizámos já prevemos algumas caldeiras de biomassa.

P – Mas é a EnerArea que vai adquirir essas caldeiras?

R – Estamos a propor aos municípios que as adquiram para depois termos a linha de distribuição de biomassa. Com isto, prevemos que haja também uma certa dinâmica na limpeza das matas e na entrega do resíduo.

P – Além da biomassa, a EnerArea pretendia lançar-se igualmente nos biocombustíveis, como o biodiesel e o bioetanol. Como estão esses projectos?

R – Trata-se de um processo em fase embrionária, mas já estamos em negociações com uma empresa de Lisboa que tem parcerias em Angola. Um dos objectivos desta cooperação é criarmos fontes de distribuição de bioetanol e biodiesel. A ideia é utilizar as plantas produzidas em Angola, como o girassol, para criarmos estes combustíveis. Este ano já deveremos ter o estudo financeiro do projecto para verificar a sua rentabilidade.

P – Há mais algum município, além de Celorico, a implementar as medidas sugeridas no Plano de Optimização Energética?

R – Sim. Pinhel, Almeida e Manteigas. Quanto aos restantes, esperamos que façam este mês a formação do gestor energético municipal para começarem a implementar as medidas com o nosso apoio. Sobretudo as soluções que não requerem investimento, visto que para essas irá fazer-se um programa de financiamentos com o objectivo de definir as acções prioritárias.

P – Já se nota alguma mudança no comportamento dos municípios?

R – Sim. Os municípios estão cada vez mais interessados nas energias renováveis. Por um lado, porque pretendem economizar e, por outro, querem preservar o ambiente. Por exemplo, com o BioRural, além de produzirem aquecimento através de uma energia renovável, poderão ter as matas limpas e evitarem alguns dos fogos florestais. Estamos a lançar um novo projecto, as Agendas XXI para os municípios, que permitirá fazer um plano ambiental e sensibilizar a população para a sua salvaguarda.

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