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Os meus gatos

Tenho dois gatos. Eram insuportáveis, irrequietos, atrevidos. Um dia tive uma ideia. Mandei-os castrar. Remédio Santo! Os pobres não mais tiveram a vida de outrora, das grandes correrias, das traquinices. Tornaram-se nuns respeitáveis gatos. Ronronhetos, descansados, focinhos escondidos nas patinhas, indiferentes a todos os prazeres da vida de um gato.

O mundo anda um pouco perdido, porque a vida dos homens é diferente da dos animais, mas para pior!! O que é que se ouve, hoje em dia, com a maior das frequências? Fala-se em abuso de crianças a todos os níveis, incluindo quase sempre o abuso sexual. No seio da família, entre pais e filhos, padrastos, às vezes até as mães, algumas delas verdadeiras aberrações da natureza.

Sei que isto não é de hoje. Sempre existiu, embora sem a projecção que hoje tem. Mas de que estão à espera os senhores da Justiça para aplicar o castigo mais exemplar de todos?

Não eram os muçulmanos que, ainda não há muito tempo, cortavam a mão (a direita, salvo erro) a todo aquele que roubava? E os meus gatos? Fizeram mal a alguém? Só eram irrequietos e eu não lhe perdoei. Porque esperam?

Zelinda Rente, Freches (Trancoso)

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