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«Os distritos do interior têm uma alta prevalência de osteoporose»

Cara a Cara – Entrevista

P – Foi aprovado um novo tratamento anual para combater a osteoporose. Quais são as vantagens deste método?

R – Há duas grandes vantagens. Por um lado, ser de toma única anual, o que nos permite ter a certeza de que a doente faz o tratamento. O problema da medicação para a prevenção de fracturas na osteoporose pós-menopáusica é que tem prazos muitos curtos – alguns medicamentos são diários, outros semanais ou mensais. Isto leva a que a doente abandone, muitas vezes, o tratamento. O facto desta medicação ser anual permite-nos saber que a doente estará protegida e diminuirá o risco de fractura pelo menos durante um ano. A outra vantagem óbvia é a eficácia do medicamento ao nível da prevenção de fracturas do colo do fémur e da coluna.

P – Como é administrado e como pode ser adquirido?

R – O medicamento é fornecido através de prescrição médica e é administrado por um enfermeiro ou um médico, uma vez que funciona por via endovenosa, através de uma injecção durante cerca de 15 minutos. Assim, terá de ser administrado num hospital, num centro de saúde ou numa clínica credenciada para o efeito. Não é um tratamento especialmente doloroso.

P – Existem 500 mil mulheres em Portugal com osteoporose. Este vai ser um novo aliado no combate à doença?

R – As fracturas osteoporóticas são um grave problema de saúde pública. É que a osteoporose, só por si, não é grave enquanto doença. O problema é que a fragilidade óssea conduz a fracturas com muita facilidade. Todos nós conhecemos, ou temos na família, pessoas de idade que, numa simples queda, partiram a bacia. O grande problema é que os custos para o Estado do internamento dessas doentes são enormes. E depois, na maioria dos casos, as pacientes ficam com sequelas graves em termos de mobilidade, podendo levar mesmo à morte. Ou seja, os custos para a sociedade são altíssimos. Há uma grande prevalência da doença nas mulheres – embora também aconteça aos homens – e sobretudo após a menopausa. E quanto maior a idade, maior o risco.

P – Há muitos casos na região da Guarda?

R – Como em muita coisa em Portugal, não há estatísticas oficiais. No entanto, no distrito haverá cerca de 90 mil mulheres. Sendo uma região envelhecida, a percentagem de mulheres menopáusicas é muito alta. Estimo que 30 mil estejam na menopausa. Em percentagem, os distritos do interior têm uma alta prevalência de osteoporose por serem zonas bastante envelhecidas.

P – Existe algum organismo na região a prestar apoio aos doentes de osteoporose?

R – Não existe nenhum organismo oficial, mas eu criei há meia dúzia de anos, no serviço de Ginecologia do Hospital Sousa Martins, uma consulta específica – semanal – para mulheres na menopausa. Nessas consultas procuro fazer uma prevenção da osteoporose e motivar as utentes para terem uma menopausa com mais qualidade em todos os sentidos – incluindo ao nível da doença. Existem, contudo, a Sociedade Portuguesa de Menopausa e a Sociedade Portuguesa de Doença Metabólicas e Ósseas que vão fazendo o possível para tentar combater este grave problema de saúde pública.

P – Que factores podem desencadear a osteoporose?

R – Existem muitos factores de risco, mas, antes de tudo, importa entender o que é a osteoporose. Os nossos ossos, e ao contrário do que muita gente pensa, são tecidos vivos. O osso está constantemente a formar-se e a destruir-se. Existem células que o corroem e o destroem. O que acontece nesta doença é que a fase de destruição do osso prevalece sobre a fase de construção. Isto leva a que fique fraco e se torne mais “quebradiço”. É entre os 25 e os 30 anos que se atinge o pico de massa óssea. Se nos anos anteriores tivermos tido uma alimentação cuidada e rica em cálcio, tivermos praticado exercício físico e não fumarmos, teremos uma boa massa óssea. Assim, pessoas que tenham uma má alimentação na infância e na adolescência, que comecem a fumar muito cedo, que usem drogas e tenham algumas doenças, estão mais vulneráveis ao aparecimento, mais tarde, da osteoporose – e isto é válido tanto para homens como para mulheres. No caso da mulher, o grande factor de desencadeamento da doença é a falta de estrogéneos, a partir da entrada na menopausa. Há, portanto, alguns factores de risco como a menopausa precoce, a idade, a raça (a doença é mais frequente na raça caucasiana do que nos negros ou nos asiáticos), o estilo de vida, o tabaco, o álcool e a existência de doenças renais ou hepáticas. Além disso, há uma tendência familiar para a osteoporose.

P – Como se pode evitar a doença?

R – A osteoporose é um envelhecimento natural, mas pode evitar-se a perda óssea através de uma boa alimentação na juventude e de algumas medidas higieno-dietéticas como a prática de uma boa dieta (rica em cálcio e que inclua leite, queijo e outros produtos lácteos). Fazer exercício físico regular também ajuda, bem como não fumar e não beber álcool e evitar alguns medicamentos. Em termos de medicação, a seguir à menopausa, começa-se a utilizar a terapêutica hormonal de substituição e medicamentos específicos para a protecção do osso. O último que apareceu é esta dose única anual de ácido zoledrónico, que aumenta a densidade mineral óssea.

Comentários dos nossos leitores
pedro pedro_einstein@live.com.pt
Comentário:
” O TEMPO É O PAI DE TODA A COR” como há dia também há noite, como há o calor tambem há frio, como há a verdade há a mentira. O mundo está completo existem vários grupos raciais de pele preta e branca, até os asiáticos têm pele branca. O chamado caucasiano é uma pessoa com a imagem típica do nativo europeu, mas seus os olhos e cabelos são escuros… Normalmente estão na fronteira entre África e o continente europeu. O caucasiano, como o indiano etc…, são grupos derivados do Amor entre os dois povos que são os arianos legítimos nativos europeus com a grandiosa África. Atenção: se alguém não quiser aceitar esta explicação bem simples vá ao Google earth e veja onde fica Jerusalém… Daí partem todos os credos e os cruzamentos do mundo inteiro. O Amor vence o Mundo.
 

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