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«Os benefícios imediatos da amamentação são indiscutíveis»

Cara a Cara – Cristina Oliveira

P – Como surgiu a ideia de fazer um grupo de apoio à amamentação na Guarda?

R – Surgiu em conjunto com a Susana, a minha parceira e conselheira em aleitamento materno. Depois de ela ter sido mãe pela segunda vez e de ter sentido dificuldades durante a amamentação, fui uma das pessoas que ela contactou para procurar informação e ajuda. E é aqui que eu me enquadro, como profissional de saúde e mãe que já amamentou quatro filhos. Agarrámos a oportunidade de fazer a formação de CAM e, de imediato, começámos a pensar em formar um grupo que atuasse ao nível da comunidade.

P – Quais são os principais objetivos do Amament’Arte?

R – Pretendemos aconselhar as mães que querem amamentar, tentando que sigam a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e, nesse sentido, incentivamos o aleitamento materno. Além disso, queremos apoiar as mães e a sua família durante esse período, fornecendo o máximo de informação possível à própria mãe, a conviventes e à comunidade em geral.

P – Quais são os “alvos” prioritários do grupo?

R – Mães que querem amamentar mas que, por qualquer razão, não estão a conseguir ou têm receios, mães que estão a desistir porque não conhecem outra forma para continuar, mães que vão retomar a sua atividade profissional e que pretendem continuar a amamentar…

P – Ainda existem muitas mães a optar pelos leites de fórmula, apesar de o aleitamento materno ser o recomendado (pelo menos nos primeiros anos de desenvolvimento do bebé)?

R – Sim. Dados relativamente recentes indicavam que, em Portugal, apesar de cerca de 90 por cento das mães iniciarem a amamentação aos três meses, apenas 50 por cento o faziam efetivamente. E aos seis meses não chegava aos 30 por cento. Na maior parte das vezes, o abandono é por falta de informação e apoio, de inseguranças e medos, aliados a pressões de familiares e amigos, por conforto pessoal, por más experiências anteriores e, claro, devido à ideia criada nas últimas décadas de que o leite artificial é tão bom quanto o materno, quando afinal não possui nem nunca vai possuir os constituintes do leite materno. Não é ao acaso que a OMS recomenda a amamentação em exclusivo nos primeiros seis meses e com outros alimentos pelo menos até aos dois anos. Os benefícios imediatos e ao longo da vida são indiscutíveis.

P – Quais são os principais projetos e linhas de atuação do Amament’Arte para os próximos meses?

R – Para já, receber as mães. Depois, dar um passo de cada vez, avaliando as necessidades de crescimento do grupo. Outros projetos surgirão a seu tempo. Ao nível da atuação, a nossa intervenção é sempre de encontro às questões levantadas pelas mães, a um nível mais informal do que se tivessem que recorrer a um centro de saúde, por exemplo, mas encaminhando-as para a rede da Unidade Local de Saúde sempre que se justificar.

P – Como vai funcionar o Amament’Arte em termos de espaço e acompanhamento das mães que procurem a ajuda das conselheiras?

R – Para já, o grupo tem espaço aberto todas as terças-feiras, das 19 às 20 horas, na biblioteca da Junta de Freguesia de S. Miguel da Guarda (2º piso, no mesmo edifício da PSP). Eu e a Susana Margarido estaremos presentes, podendo contar com a mais-valia de duas conselheiras que, tal como nós, estão empenhadas nesta causa. O grupo pode ser contactado telefonicamente através dos números 271/220870 /73 (meu) e 96/4752975 (Susana). A quem necessitar, fornecemos o nosso contacto de email. Brevemente estará também disponível no Facebook a página do Amament’Arte.

P – Que tipo de apoios o grupo já conseguiu ou pensa conseguir reunir?

R – Os apoios até agora conseguidos são apenas ao nível das instalações, por parte da Junta de Freguesia de S. Miguel, apoio das outras conselheiras, e esperamos contar com uma marca na oferta de material relacionado com amamentação. O ideal seria ter alguma ajuda monetária, até porque já temos despesas que pagamos do nosso bolso.

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