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Onze Anos

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Sonhava com Hogwarts desde que o seu irmão mais velho atravessara aquela parede na estação de King’s Cross, para só regressar muitas luas depois, um sorriso nos lábios que antes não brilhava daquele modo.

A cada irmão que via desaparecer naquele mesmo ponto, o seu desejo aumentava incomensuravelmente, até não se contentar com meras fantasias diurnas, os sonhos acordados da mais nova criança de uma tão grande família. Prontamente, também os momentos de inconsciência foram tomados pelo castelo maravilhosamente imponente que abrigava aquilo que seria a sua casa por sete anos, num futuro que ainda se afigurava demasiado distante.

Um dia, o sexto irmão partiu e Ginny não foi capaz de conter as lágrimas por mais tempo. Estava sozinha, pela primeira vez desde que nascera, e isso só dificultava ainda mais a espera. Angustiada, prometeu a si mesma que, assim que transpusesse a porta – que adivinhava imponente – da escola, aproveitaria cada segundo como nunca ninguém antes o fizera.

Finalmente, chegou a sua vez de passar a barreira da plataforma 9 e ¾ de King’s Cross, de viajar horas e horas naquele comboio vermelho e alegremente barulhento, de atravessar o lago num barquinho mais estável do que parecia, de observar a Lua a iluminar Hogwarts pela primeira vez. Transpôs a porta – tão imponente como imaginara – e preparou-se para cumprir a sua promessa.

O que a pequena Ginny não sabia era que outros planos lhe tinham sido reservados. Não só não poderia respeitar o prometido, como também seria lançada numa teia de enganos, intrigas, mortes e dor – uma dor demasiado grande para alguém tão pequeno.

Onze anos de sonhos desfeitos por uns míseros meses. Onze anos de espera rasgados por meia dúzia de palavras doces e falsas. Onze anos de anseios roubados por alguém que sempre quisera o que nunca iria ter. Onze anos de um passado que não mais teria um futuro…

Quando todos pensavam já ter perdido esses onze anos para sempre, surgiu um rapazinho que lhos restituiu, sem outra intenção que não fazer o que estava certo. E, a partir desse dia, ela jurou dedicar-lhe todos os novos onze anos que vivesse: onze anos de amor e de sonhos renovados, de gargalhadas e de mãos dadas, de sorrisos e plenitude. Onze anos de um futuro que não mais seria destruído – ou assim ela o julgava.

por Maria João Pinto (12º C)

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