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Olhos fechados para “O Essencial Invisível”

À nova peça, que o TeatrUBI apresenta a 24 de Março no Ciclo de Teatro, assiste-se de olhos vendados

Experimentalismo q.b. é o que o TeatrUBI promete com “O Essencial Invisível”, a peça que estreia na próxima quarta-feira no Teatro-Cine da Covilhã no âmbito do Ciclo de Teatro Universitário. Com encenação de Ana Rita Carrilho e interpretações de Maria do Carmo Teixeira, Pedro Fonseca, Marco Gabriel, Maria Cristina Braharu, Mário Gomes, Maria João Canadas, Ana Portela e Vera Pereira, esta é talvez a peça mais arrojada que o Grupo de Teatro da Universidade da Beira Interior apresenta em 15 anos de existência, numa tentativa de experimentar um teatro que vai para além do que os olhos alcançam.

Em cima do palco, os espectadores (lotação máxima de 40 pessoas) assistem ao espectáculo de olhos vendados. Aos actores, cabe a tarefa de despertar no público os outros sentidos quando os olhos nada vêem, recorrendo para isso à palavra, a murmúrios, suspiros, ao tacto, ao cheiro e outros barulhos, enquanto representam textos de Mário Cesariny, Inês Pedrosa, Pedro Támen, João de Mancelos, Eugénia Melo e Castro, Almada Negreiros, Luís Buñel, Fiodor Dostoievsky, Alexandre O’Neill, Jorge de Sena, Ary dos Santos, Imre Kertész, Primo Levi e António Ramos Rosa. O espectáculo, que toca no denominado “teatro psicológico”, será filmado para que o espectador possa comparar a imaginação e os sentimentos com a realidade, sendo certo que irá exigir dos actores uma verdadeira resistência emocional e física para poder lidar com as imprevisíveis reacções do público. Mas antes, há ainda a história de “Zhara, Favorita de Al-Andalus” que a Aula de Teatro de la Universidad de Extremadura – Badajoz (ATUEX) leva à cena esta noite. Trata-se da história de duas mulheres em conflito com um destino predeterminado que convergem num só espaço e num só tempo dominados por homens. São duas Zharas: uma quer partir para uma Europa que lhe possa dar uma vida com mais oportunidades, enquanto a outra luta consigo própria e as suas próprias limitações.

Representações de Espanha invadem o palco

Amanhã, o palco continua a pertencer a “nuestros hermanos” da Aula de Teatro de la Universidad de Alicante para apresentar “Minim.Mal Show”, de Sergi Belbel y Miguel Górriz. “As Moscas”, de Jean-Paul Sartre, é o espectáculo que o Sin-Cera – Grupo de Teatro da Universidade do Algarve apresenta no sábado. O grupo, que já participou em edições anteriores do ciclo de teatro, traz à Covilhã a peça que o filósofo francês escreveu em 1943 sobre o mito grego de Orestes e Electra, mas que na realidade é uma verdadeira alegoria à ocupação alemã em Paris. A encenação e adaptação dramatúrgica estão a cargo de Pedro Wilson, que tem encenado a maioria das produções do grupo algarvio. No domingo é a vez do S.O.T.Ã.O – Grupo de Teatro do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, da Universidade do Porto, pisar pela primeira vez o palco do Teatro-Cine da Covilhã com a peça “As Canções de Bilitis”, de Pierre Louijs. O encenador Pedro Wilson volta a marcar presença na segunda-feira com o Cénico de Direito, que está a comemorar 50 anos de existência, com a peça “À Espera de Godot”, de Samuel Beckett. Também os espanhóis Maricastaña – Aula de Teatro Universitária de Ourense estão de regresso ao ciclo de teatro da Covilhã. Assíduos participantes – em oito edições apenas falharam uma -, não é de estranhar que tenham já angariado verdadeiros fãs por estas bandas, onde a criatividade e imprevisibilidade de Fernando Da Costa, encenador do grupo, mereceram o carinho do público covilhanense. “Totem”, versão de Da Costa do “Senhor das Moscas”, de William Golding, está em cena na terça-feira.

Liliana Correia

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