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Oito interessados nas centrais a biomassa previstas na região

Unidade de Gouveia foi a segunda mais procurada do concurso público, seguida da Covilhã, enquanto o projecto do Sabugal só atraiu um candidato

A construção de uma central termoeléctrica a biomassa florestal no concelho de Gouveia atraiu quatro candidaturas, sendo a segunda mais procurada no âmbito do concurso público lançado pelo Governo para 15 unidades do género a implantar no país. Apresentaram propostas para o lote 8, até 10 MW, que abrange os distritos da Guarda e Viseu, a Sonae Industria, o Agrupamento Biotermoeléctricas Portuguesas, a Biomassas de Gouveia e a Miese, um consórcio constituído pelo grupo Alberto Mesquita e Filhos, Isolux e a EGF – Empresa Geral de Fomento.

Os dados foram divulgados na passada segunda-feira pela Direcção-Geral de Energia, após a abertura pública das propostas, e revelam que a outra central indicada para o município do Sabugal, até 2 MW de potência, activou apenas um interessado, a Tavenergia ACE. Já o mais procurado, com cinco candidatos, foi o lote 12, no concelho da Sertã, com uma potência de 10 MW. Já a central prevista para o município da Covilhã, também com 10 MW, tem três candidaturas: a Biomassas Covilhã, a Miese e o consórcio formado pela Lena Ambiente, Eneólica, Lena -SGPS, Cavalum e Newcapital. Com esta iniciativa, o Governo pretende que os privados construam e explorem 15 centrais termoeléctricas a biomassa florestal, num total de 100 megawatts (MW), que abrangem 12 distritos. O investimento total esperado é da ordem dos 250 milhões de euros e pode gerar cerca de 800 novos postos de trabalho. No caso do distrito da Guarda ainda não se conhecem os pormenores dos projectos, o que se sabe é que têm como pontos de recepção da energia produzida as subestações do Sabugal e de Chafariz, no concelho de Gouveia. Na altura, o presidente da Comissão Florestal do Nerga – Associação Empresarial da Região da Guarda considerava que a capacidade de produção indicada – 12 MW – para as duas centrais atribuídas ao distrito era «excelente». Mário Ferreira da Silva acredita que a região tem um bom potencial neste sector, pese embora estar «mal estudado», e acrescenta que, com estas centrais, «os agricultores e proprietários florestais das zonas abrangidas vão ter a prova de que a gestão e a limpeza da floresta são financeiramente compensadoras e rentáveis».

Por outro lado, adianta que o Nerga está disponível para ser parceiro de todas as candidaturas. A biomassa é feita a partir de mato, resíduos (como cascas, folhas ou ramos de árvores), árvores, produtos agrícolas como a beterraba, cereais ou gás animal. A sua valorização faz parte da estratégia nacional para a promoção e desenvolvimento das energias renováveis. É encarada não só como uma oportunidade de negócio e de criação de emprego em zonas rurais, mas também como um dos instrumentos de luta contra os incêndios, através da limpeza das florestas. Portugal tem como objectivo atingir em 2010 uma meta de 150 megawatts de energia eléctrica produzida através da biomassa, o que permitirá reduzir a importação de combustíveis fósseis, como o petróleo, e a emissão de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera. Actualmente Portugal tem apenas duas centrais que utilizam biomassa florestal como principal combustível – a da EDP em Mortágua e a Centroliva, em Vila Velha de Ródão. Com esta iniciativa, a Direcção-Geral de Geologia e Energia espera aproveitar até um milhão de toneladas de biomassa por ano para produzir electricidade.

Luis Martins

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