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Odisseia hoteleira

Estudantes fizeram de tudo durante 55 horas na Escola Superior de Telecomunicações e Turismo

Caíram alguns recordes no “OdiSeia 55”. Durante 55 horas consecutivas, os alunos da Escola Superior de Turismo e Telecomunicações (ESTT) de Seia serviram cerca de 1.200 refeições para mais de mil visitantes, tendo sido consumidos mais de 1.500 quilos de alimentos e qualquer coisa como 1.800 litros de bebidas, água incluída. Esta foi a forma encontrada pelos responsáveis dos Cursos de Gestão Hoteleira e Turismo e Lazer para uma formação prática de todas as actividades do sector.

Cinquenta estudantes responderam à chamada e deitaram literalmente mãos à obra nesta maratona da hotelaria, realizada entre a madrugada da última quinta-feira e as 11 da manhã de sábado. E fizeram um pouco de tudo, do fabrico do pão, aos pequenos-almoços, passando pelos cocktails de boas-vindas, almoços, serviço de bar e jantar. Um ritual diário que os participantes viveram ao longo do “OdiSeia”, assumindo a gestão e as tarefas de uma unidade virtual, sob a coordenação de seis docentes e alguns monitores da formação prática. A meio da iniciativa, os alunos estavam cansados, mas satisfeitos. Bruno, de 18 anos, não quer ouvir falar em descanso. «Já servi para aí umas 200 refeições. Têm sido dois dias muito agitados, mas vale a pena porque vai ser-nos bastante útil no futuro, mesmo para os estágios», confidencia o estudante que veio de Sintra, colocado na área do restaurante. Já Francisco, de 23 anos, pode orgulhar-se de protagonizar um recorde dentro do recorde. Este estudante-trabalhador é natural de Lamego, mas trabalha em Montalegre. Mandou a sua folga semanal às urtigas e fez-se à estrada para participar no “OdiSeia”: “Nunca iria perder um evento destes, é o bichinho da hotelaria”, confessa, visivelmente satisfeito com a opção.

«O contexto de trabalho é bem real e é uma experiência fantástica para quem está a iniciar um curso superior com uma componente prática tão grande», refere enquanto põe as mesas para o jantar. «A ideia é terem uma experiência única de aplicar aquilo que é a realidade dos profissionais do sector, com todas as actividades inerentes às funções e tarefas, desde a restauração, serviço de mesa, animação, bar, panificação e eventos», acrescenta António Melo, professor e coordenador do projecto. Aparentemente, está à beira do esgotamento e curiosamente ainda não tinha almoçado quando faltavam 19 horas para o fim desta verdadeira odisseia. «98 por cento dos participantes vai trabalhar cerca de 45 a 48 horas e só vão descansar entre seis a dez horas, o que é muito pouco em três dias. Mas vale definitivamente a pena, pois a experiência compensa», garante. O OdiSeia ficou ainda marcado por várias actividades paralelas, como a apresentação de um estudo sobre o mercado turístico do Parque Natural da Serra da Estrela, um seminário sobre vinhos e animação, bem como diversas recepções e cerimónias oficiais, igualmente preparadas pelos futuros profissionais, destinadas aos diversos agentes do sector do turismo. Os mais pequenos também não foram esquecidos, já que 120 crianças do pré-escolar tiveram no local uma aula de alimentação saudável e roda dos alimentos.

Luis Martins

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