O Governo vai ter de adotar novas medidas de austeridade para cumprir as metas orçamentais e a recessão continuará até meados de 2013, estima a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) num documento hoje publicado.
Num capítulo do seu “Outlook”” dedicado à economia portuguesa, a OCDE refere que Portugal fez uma «grande consolidação orçamental em 2011», que será «ainda maior» este ano, e aconselha o Governo a continuar a seguir o programa da “troika”. No entanto, aquele organismo prevê que o PIB nacional encolha 3,2 por cento este ano e volte a cair 0,9 por cento em 2013, números bastante mais pessimistas que as previsões do Governo.
Caso estas projeções se concretizem, os défices orçamentais ascenderiam a 4,6 por cento do PIB este ano e 3,5 por cento no próximo – acima das metas oficiais (4,5 por cento e 3 por cento). «Neste cenário, cumprir as metas oficiais (…) vai exigir medidas de consolidação orçamental para lá das previstas no programa» da “troika”, refere o documento. Estas projeções são as mais pessimistas relativamente a 2013 até agora divulgadas por instituições internacionais, sendo que a taxa de desemprego também vai continuar a crescer, ultrapassando os 16 por cento no próximo ano.
«A profunda consolidação fiscal, o desendividamento da banca e a fraca procura externa» vão prolongar a recessão «até meados de 2013», sustenta a OCDE, que também prevê uma redução no consumo privado de 6,8 por cento este ano e 3,2 por cento no próximo; e um crescimento das exportações de 3,4 por cento este ano e 5,1 por cento em 2013. Neste campo, a OCDE sublinha que as exportações têm evoluído «surpreendentemente bem, talvez devido à diversificação e ao efeito benéfico das reformas estruturais», pelo que, se esta evolução persistir, a recessão «será menos profunda e a recuperação mais forte que o projetado».