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Obstetras rejeitam responsabilidades

Em comunicado, clínicos lamentam que Administração tenha optado pela continuação da urgência pediátrica «em sacrifício das grávidas e recém-nascidos do distrito»

Os médicos do Serviço de Obstetrícia do Hospital da Guarda rejeitaram terça-feira qualquer responsabilidade pelo encerramento da maternidade, determinado pelo Conselho de Administração (CA). Num comunicado divulgado ao princípio da noite, os nove membros do Serviço de Obstetrícia afirmam que «não pactuam com tentativas de diminuir a qualidade dos cuidados prestados, a qual ficaria seriamente ameaçada se aceitassem trabalhar sem o apoio em presença física de um pediatra na assistência aos recém-nascidos, tal como foi reconhecido pelo próprio Conselho de Administração».

Entendem também que o encerramento do Serviço de Obstetrícia, no que diz respeito ao atendimento a grávidas com mais de 21 semanas de gestação e a grávidas em trabalho de parto, «é da inteira responsabilidade do Conselho de Administração do Hospital Sousa Martins». O CA tomou a decisão face à «exiguidade de recursos humanos do serviço de pediatria», optando pela continuação da urgência pediátrica em sacrifício das grávidas e recém-nascidos do distrito, afirmam os clínicos. No comunicado, os obstetras fazem votos para que esta situação seja «realmente temporária» e pedem «uma solução rápida para a carência de especialistas em pediatria no hospital». Entendem ainda que «compete ao Conselho de Administração providenciar no sentido de criar as condições mínimas» para que sejam prestados os cuidados de saúde diferenciados à população. No hospital, dizem, há apenas um pediatra em permanência e mais dois pediatras que, «por favor, fazem umas horas de serviço de urgência, não podendo por isso prestar cuidados continuados no serviço de pediatria, além de que em qualquer momento podem cessar essas funções». «Com este quadro de insuficiência de recursos humanos no serviço, é humanamente impossível cumprir todas as funções da pediatria, nomeadamente: urgência pediátrica, consulta externa de pediatria, enfermaria de pediatria, neonatologia, assistência aos recém-nascidos no serviço de obstetrícia, e assistência aos partos e cesarianas», alertam.

Os obstetras acusam ainda o CA do hospital de «sacrificar o serviço de obstetrícia – com todos os recursos humanos e técnicos para funcionar em pleno, incluindo um bloco operatório pronto a funcionar e no qual se gastaram centenas de milhares de euros». Os clínicos consideram que «em termos de estratégia era preferível para a população manter em funcionamento o serviço de pediatria, ou melhor, a urgência pediátrica, apesar de todas as carências humanas conhecidas».

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