Desde 15 de Janeiro que a Estrada Nacional (EN) 18 tem vindo a sofrer trabalhos de repavimentação, uma intervenção que está alegadamente a causar alguns dissabores às populações mais próximas. O alerta chegou a “O Interior” na última edição, através de uma foto-denúncia, que demonstrava o estado degradado do pavimento na zona de Orjais (Covilhã) devido à empreitada.
Porém, a situação estará a tomar contornos mais problemáticos nos arredores de Belmonte, onde foram registados, segundo dados fornecidos pelo destacamento da GNR daquela localidade, 10 acidentes em apenas duas semanas. Isto, numa estrada aparentemente pacata, onde se registaram apenas oito ocorrências em 2005. Só no dia 31 de Janeiro a GNR tomou conta de quatro acidentes. Os dez sinistrados, que agora preparam um abaixo-assinado com o intuito de responsabilizar a Estradas de Portugal (EP) pelos danos causados, são unânimes e falam em «sinalização desadequada». A obra tem estado parada desde a última semana, porque a Câmara de Belmonte alertou a empresa para a sinistralidade verificada. «Fizemos chegar a nossa preocupação junto do director das Estradas de Castelo Branco», assegura Amândio Melo, presidente da autarquia, que já reuniu entretanto com os engenheiros da obra «para fazer correcções e perceber o porquê de tantos sinistros».
Pouco satisfeitos estão os sinistrados – apenas um sofreu ferimentos graves – que tencionam responsabilizar a EP pelo sucedido. Manuel Amaro capotou ao quilómetro 23 da EN18 e aponta a «sinalização inadequada» e o «excesso de gravilha na estrada» como determinantes no seu acidente, garantindo ainda ter «cumprido o limite de 50 quilómetros/hora» que se encontrava a dez metros do local do capotamento. O mesmo aconteceu a Júlio Santos, residente em Belmonte, que também perdeu o controlo do seu carro «devido à gravilha», na zona do Colmeal da Torre, no dia 25 de Janeiro. Apesar de «não ir a mais de 40», o carro acabou por embater contra uma árvore, porque «com o excesso de gravilha, perde-se completamente o controlo da viatura», refere. Contactada por “O Interior”, a Estradas de Portugal assegura que os trabalhos estão «devidamente sinalizados, de acordo com o manual de sinalização temporária» e que as obras já foram interrompidas para «aspiração e varrimento das gravilhas soltas», para recomeçar na próxima semana.
Por outro lado, a empresa assegura que os acidentes ocorreram todos «fora da zona dos trabalhos em curso». A empreitada, denominada “Revestimento superficial entre Gaia e Variante da Covilhã”, vai desde o quilómetro 17,262 da EN18 e até ao 33,600, esclarecem dados fornecidos pela própria. Porém, e segundo o destacamento da GNR de Belmonte, a maioria dos sinistros «aconteceu entre os quilómetros 25/26 e 21/23». De resto, a mesma fonte indica ter ficado registado «a existência de obras» aquando da tomada das ocorrências. A data de consignação da empreitada é de 30 de Novembro passado, estando prevista a sua conclusão no próximo 30 de Março. A obra, orçada em cerca de 298 mil euros, abrange uma distância de cerca de 16 quilómetros.
Rosa Ramos