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Obras desagradam a comerciantes da Avenida Cidade de Safed

Empresários queixam-se de quebras acentuadas no negócio e de transtornos provocados pelos trabalhos

«Ter duas faixas de rodagem é muito diferente de só ter uma porque implica que sejam metade das pessoas a passar». Vários proprietários de estabelecimentos comerciais localizados na Avenida Cidade de Safed, na Guarda, estão descontentes com as obras do “Arco Comercial” que estão a decorrer naquela artéria da cidade desde maio. Os comerciantes queixam-se de quebras acentuadas no negócio e de transtornos provocados pelos trabalhos.

Dinis Faustino, da DSF Mobiliário, fala numa quebra de clientes na «ordem dos 40 por cento» desde que a intervenção arrancou na avenida. «Pode não ser só por causa das obras, mas ajudou à diminuição da faturação e temos tido muito menos clientes», relata o comerciante, que garante que «houve pessoas que deixaram de vir à loja por não terem estacionamento». O empresário recorda que os trabalhos começaram em maio, que, «em termos de comércio, é a pior altura porque apanha o verão quando o negócio mexe mais um bocadinho com os emigrantes e visitantes. O problema é que não sabemos se vai estar concluída a tempo do Natal». Dinis Faustino anseia pelo fim das obras «o mais rapidamente possível», embora acredite que «a pior fase já passou, pois, pelo menos, agora já é possível estacionar» e «também temos de compreender que as coisas para evoluir têm de ser feitas».

Também nas Cortinas Gigante se notou alguma quebra nas vendas, «mas acreditamos que, se calhar, as pessoas também deixaram de vir por causa da crise e não só pela obras». Ana Santos realça que os trabalhos em curso «causam sempre transtornos e há incómodos para os clientes e também para nós próprios carregarmos as carrinhas e atrasa-nos mais a nível de horários». Contudo, a comerciante considera que a empreitada «já se está a prolongar demasiado. Foi o verão todo e já andam aqui desde maio», pelo que também espera que a intervenção naquela rua fique concluída «antes do Natal». De resto, Ana Santos sustenta que «no verão não se notou muito o impacto das obras, mas no inverno e dias de chuva é que é mais complicado por não haver estacionamento». Aliás, quando O INTERIOR esteve no local, na última segunda-feira, dois clientes tiveram que passar por cima de um canteiro para conseguirem aceder à loja devido à presença de uma máquina e da via estar aberta em frente às escadas.

Outro comerciante que não quis ser identificado reclama que «sete meses de obras acaba por ser muito mau para qualquer comércio», garantindo que teve «quebras de 40 a 50 por cento» que o forçaram a «reduzir o pessoal». O empresário reclama que «as pessoas não tinham onde estacionar os carros» e que «não estão para estar em filas e ter de dar a volta pela rua de cima para voltar para baixo». Além disso, «quando choveu ainda se notou maior quebra e o pior foi quando andaram com as máquinas aqui mesmo em frente», recorda o comerciante, que só espera que os trabalhos estejam concluídos até ao Natal. Mais conformada está Carla Melo, da Agência de Viagens Abreu, que adianta não ter notado «grande diferença» no volume de negócios: «As pessoas falam das obras, mas não têm deixado de vir à agência. Durante uma semana não se pôde estacionar aqui em frente e foi quando os clientes se queixaram mais», reconhece a responsável.

Confrontado com as queixas dos comerciantes, o vice-presidente da Câmara da Guarda defende que a «obra está a ser feita com grande qualidade, não tendo havido grandes interrupções de trânsito». Virgílio Bento avança que, «neste momento, está quase tudo tratado», procedendo-se à pavimentação da via do lado esquerdo e à conclusão dos passeios e zona de estacionamento. De resto, o autarca desconhece queixas dos moradores e comerciantes, frisando que este tipo de intervenção era «necessária» e que vai tornar aquele espaço «mais moderno e os comerciantes vão acabar por beneficiar disso». Virgílio Bento explicou ainda que só quando a obra na Avenida Cidade de Safed ficar concluída é que arrancam os trabalhos na Rua António Sérgio. A data prevista para a conclusão da totalidade das obras do “Arco Comercial” é agosto de 2013.

Obras começaram em maio

As obras de requalificação urbana e paisagística do “Arco Comercial” da Guarda arrancaram no passado mês de maio. A intervenção começou na Avenida Cidade de Safed e vai ainda abranger um percurso que inclui a rotunda da Central de Camionagem, a Rua António Sérgio e parte da Rua Calouste Gulbenkian.

Esta é a obra com maior extensão do Programa Estratégico de Regeneração Urbana levado a cabo pelo município. No final de abril, a Câmara da Guarda informava que as ruas e rotundas da intervenção iam ser objeto de obras de redimensionamento e renovação das faixas de rodagem, passeios, zonas de estacionamento e zonas envolventes, sendo também revistas as infraestruturas enterradas, com destaque para a rede de drenagem pluvial. O município garantia que se ia resolver o «crónico problema de colapso no cruzamento da Rua António Sérgio com a Rua Calouste Gulbenkian quando é muito elevado o índice de precipitação». A autarquia indicava ainda que, devido às obras, a circulação na via de trânsito passaria a ser feita apenas em sentido ascendente (da rotunda da Ti’Jaquina para cima), sendo a alternativa no sentido descendente a Rua Calouste Gulbenkian. Para além dos cuidados redobrados na circulação, a autarquia recomendava aos automobilistas que utilizassem como alternativas ao centro da cidade a Estrada do Rio Diz ou a VICEG. A empreitada foi adjudicada em maio do ano passado ao consórcio formado pelas empresas António Saraiva e Filhos e Albino Teixeira por pouco mais de dois milhões de euros, o valor mais baixo apresentado no âmbito de um concurso público, cujo preço-base era de 2,7 milhões.

Ricardo Cordeiro Agosto de 2013 é a data prevista para a conclusão da totalidade das obras do “Arco Comercial” da Guarda

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