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Obras da Praça Velha “a passo de caracol”

Acesso ascendente, que vai até à Escola de Santa Clara, já foi concluído

Já abriu o acesso ascendente, que contorna a Praça Velha, na Guarda, desde a Rua 31 de Janeiro até à Escola de Santa Clara, para satisfação dos comerciantes daquela zona. Mas as polémicas obras da Praça Velha continuam sem fim à vista. Agora que as obras estão praticamente concluídas, pois só falta a colocação do mobiliário urbano, a burocracia faz das suas. Os trabalhos só serão terminados quando pagarem ao consórcio ARL/Abrantina, que reclama mais de um milhão de euros desde Março de 2005. Até lá, as máquinas vão continuar no terreno.

«Já estamos habituados às obras», ironiza José Borges, presidente do Condomínio Comercial da Zona Histórica da Guarda. «Pelo menos, já nos satisfizeram um pedido: abriram a passagem ascendente», constata o comerciante, «agora, vamos esperar que coloquem os equipamentos e acabem os últimos pormenores», diz resignado. Actualmente, a Praça Velha parece «uma autêntica anarquia», ressalva o responsável, pois «há uma grande desordem na entrada e saída de veículos», alerta. Para José Borges «falta pulso às entidades competentes», tanto ao PolisGuarda, como à Câmara Municipal da Guarda, «para tirarem, de uma vez por todas, os carros» daquela Praça. «Também me parece que não há interesse em impor alguma ordem, o que dá uma má imagem», lamenta o comerciante. Quanto aos prazos para o término das obras, José Borges está descrente, «já passaram três semanas desde o último prazo anunciado pelo arquitecto Saraiva», diz laconicamente.

Quem também ainda não sabe quando é que terminam as obras é Jorge Leão, porta-voz dos construtores que estão a trabalhar na requalificação da Praça Velha e de algumas ruas adjacentes. «A conclusão dos trabalhos só depende do pagamento», realça o empresário, que continua sem quaisquer garantias de remuneração. «Continua tudo na mesma», queixa-se o engenheiro.

Para dar como terminado o serviço só falta «colocar a iluminação e os bancos», constata Jorge Leão, no entanto, «as obras vão continuar ao ralenti, só aceleramos quando houver combustível», atira.

Recorde-se que um cêntimo de diferença impediu, há cerca de um mês, que a comissão de acompanhamento do Programa Operacional de Ambiente tomasse uma decisão sobre as facturas em atraso nas empreitadas Polis da zona histórica da cidade. «O problema não é com o PolisGuarda, mas com quem não liberta o dinheiro, apesar de ter toda a documentação e comprovativos necessários para o fazer», acusou Jorge Leão.

Esta burocracia é mais uma contrariedade para atrasar a intervenção urbanística na Praça Velha, que está praticamente finalizada. Mas contratempos não faltaram a estas obras no “coração” da cidade, que começaram em Outubro de 2004. A nova Praça Velha, idealizada pelo arquitecto portuense Camilo Cortesão, já devia estar pronta há seis meses, mas alguns imprevistos têm-se intrometido sistematicamente no seu curso. No início de 2005, a descoberta de ossadas humanas e de alguns artefactos motivaram a intervenção do Instituto Português de Arqueologia, mas também a primeira paragem dos trabalhos. Vieram depois os protestos dos comerciantes face aos sucessivos adiamentos da sua conclusão. E depois os empreiteiros devolveram as acusações e defenderam-se com o argumento de que os trabalhos só não avançavam mais rapidamente por causa da pressão dos comerciantes. A este ritmo as obras nunca mais têm fim à vista.

Patrícia Correia

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