Arquivo

O valor da moeda

Bilhete Postal

Nestes tempos de exaustão financeira, de muita gente em crise profunda, com empréstimos para a comida de amanhã, surge um facto que nos devia fazer reflectir: o valor moeda. Hoje, amigo é quem não nos causa despesa, quem nos introduz ganhos livres, quem nos coloca negócios bons, quem nos traz moeda corrente. Outros transportam ideias e são enfado, muitos querem dar conceitos e aborrecem, e deste modo pouco elegante vamos passando facturas aos que nos acompanham. A realidade torna-se tão crua e tão material que sobra apenas o valor monetário e morrem a paciência e a paixão, o envolvimento e a militância. Há hoje um processo internacional que gera esta onda absolutamente inebriante de decisão dinheiro. Afinal é com ele que se compra o pão, se evitam as discussões em casa e se entra na decência de uma vida material que afinal compra objectos, lugares, cultura e espelha em retratos ilusórios da propaganda um padrão de bem estar que todos desejam. Mas o confronto de muitas pessoas do outro mundo – o muçulmano – que olha esta luxúria e esta mentalidade com desdém surge porquê? Porque não tendo nega e contesta? Porque percebem que o desejo é sofrimento e só diminuindo o desejo nos adaptaremos melhor? Porque simplesmente inveja? Porque realmente a incultura de só ler um livro e entender um destino é totalitária do pensamento? O valor moeda é simultaneamente uma virtude, mas transporta muitas leituras ínvias. Um mundo em que só o dinheiro conta marca o sucesso em notas de mil. E isso é mau? Este é um tema interessante para o estudo da cultura pop, da cultura em que mergulhámos de corpo e alma faz mais de uma década.

Por: Diogo Cabrita

Sobre o autor

Leave a Reply