«O sistema eleitoral em vigor no IPG favorece obviamente o presidente em exercício». O problema para Constantino Rei, director demissionário da ESTG e um dos candidatos à presidência do Instituto Politécnico da Guarda, é que esse não é o único entrave a um acto eleitoral «livre e democrático». Pior do que isso só mesmo as alegadas influências políticas que entram em jogo, o que leva o professor a dizer que o próximo presidente do Politécnico não vai ser eleito com base num projecto para três anos mas sim por «forças estranhas». Um cenário que exclui obviamente na eventualidade de ser ele o escolhido.
Constantino Rei afirma-se um “outsider” nesta corrida e um adepto «incondicional» do sistema universal em que todos os elementos da comunidade politécnica votam, o que está longe de acontecer com a assembleia eleitoral, que escolhe hoje o novo presidente do IPG: «É uma solução perversa, pois os candidatos andam à caça ao voto e quem tem mais poder e influência é quem se safa sempre», acusa. Pela sua parte, ironiza ao dizer que não falou com «nenhum político» para lhe arranjar votos, nem tão pouco abordou ninguém «com as mãos nos bolsos», sinónimo de que se oferece algo em troca do voto, um método «muito em voga» nas candidaturas adversárias, garante. «Não quero ser presidente por força de malabarismos e contra a vontade ou o sentido da instituição», acrescenta, dizendo-se convencido de que Jorge Mendes vai ganhar a Joaquim Brigas numa votação directa. Contudo, espera ser o protagonista da surpresa e num hipotético frente-a-frente com o actual presidente não tem dúvidas que vai sair vencedor. «Sou o porta-voz da indignação e da falta de diálogo. Julgo que a minha candidatura vai penalizar claramente Jorge Mendes, pois há muita gente insatisfeita», acredita Constantino Rei, para quem a sua candidatura estará a «preocupar alguém» dados os «estranhos» e-mails que tem recebido nas últimas semanas.
O que não o impede de se assumir como alternativa a Mendes e Brigas neste escrutínio e avisar que o Politécnico vai ficar com duas «más soluções» para o futuro se não passar à segunda volta. Os seus argumentos são o seu «comportamento e forma de trabalhar» na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, que «cresceu e está motivada» passados quatro anos sobre a sua chegada à direcção da escola. De resto, conta utilizar o seu modus operandi para concretizar e desenvolver as escolas superiores de Turismo e Telecomunicações (Seia), cuja aprovação do curso de Telecomunicações é fundamental para o futuro da escola, e de Saúde (Guarda), duas unidades orgânicas que podem «permitir o crescimento» do IPG. «O que tem havido é uma gestão à vista e a falta de influência e poder na região para exigir respostas concretas por parte da tutela nestas duas matérias», explica, prometendo consolidar a ESE e ESTG para vencer a «crise» que se avizinha no ensino superior português. Considera não haver condições para novos cursos nestas escolas, mas outras alternativas como a formação de menor duração e profissionalizante. «Tão ou mais importante que os mestrados são cursos de um a dois anos, há procura para isso e podem ser uma tábua de salvação para as escolas», acredita.
De resto, confessa-se «frustrado» por a ESTG não ter visto aprovados pelo Ministério da Ciência e Ensino Superior quatro cursos de especialização tecnológica, «que ainda continuam na gaveta em Lisboa», mas também pelo facto dos politécnicos da região ainda não terem dado passos «significativos» numa cooperação mais profunda com a UBI. «Não podemos viver sozinhos e há áreas onde todos temos a ganhar se colaborarmos», defende Constantino Rei.
Luis Martins