«Com jornalistas mal formados temos uma informação medíocre, porque os jornalistas são vulneráveis, ignorantes e, por vezes, nem sequer dominam a sua língua». A afirmação pertence ao jornalista Rui Araújo, actual Provedor do Leitor do jornal “Público”, que, na última segunda-feira, participou na Guarda numa conferência sobre “Deontologia da Comunicação”, no âmbito do Iº Debate de Comunicação e Relações Públicas da Escola Superior de Educação.
O experiente jornalista considera que o jornalismo em Portugal debate-se com «alguns problemas sérios que merecem uma solução rápida», sendo necessários «jornalistas bem informados, com competências profissionais e patrões que não estejam preocupados apenas com critérios economicistas». Por outro lado, também serão necessários cidadãos «mais exigentes», frisa. Para Rui Araújo, a responsabilidade dos jornalistas na sociedade actual é «determinante, mais não seja em termos de regime democrático». Na sua opinião, os jornalistas da televisão, cuja missão é «questionar» os poderes, «já abdicaram dessa responsabilidade». Aliás, o Provedor do “Público” diz mesmo que a televisão «já não serve para informar, é mais uma mercadoria», lamenta, defendendo outro estatuto para a RTP, tendo em conta que o serviço público «não tem que dar dinheiro e ser nivelado por baixo só para ter audiência». Pelo contrário, «tem é que proporcionar um verdadeiro serviço público e ser bem gerido em nome do interesse público e não em nome de interesses partidários ou meramente sonantes», frisa. Para o orador, «a qualidade, a seriedade e essa noção de serviço público acabam, a longo prazo, por dar resultados, mas não me parece que seja essa a noção daqueles que estão à frente da RTP», critica.