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O salgueiro de Van de Helmont

Mitocôndrias e Quasares

Van Helmont é considerado o pai da bioquímica devido às suas experiências no campo da medicina e da química. Foi o pioneiro na experimentação e numa forma primitiva da bioquímica que é conhecida como iatroquímica.

Nascido em Bruxelas, e falecido em Vivoorde, na Bélgica, Jan Baptiste van Helmont foi um químico, físico e médico flamengo. Estudou em Lovaina, sede da universidade com o mesmo nome, a mais antiga da Bélgica. Graças à sua formação, fez incursões na medicina, área em que se doutorou em 1599. Instalou-se na Bélgica, onde contraiu matrimónio, e a partir desse momento concentrou-se nas suas experiências de química e medicina.

Entre muitos campos de investigação a que se dedicava, é conhecido pelas experiências sobre o crescimento das plantas. Conseguiu identificar compostos únicos (conhecidos atualmente como dióxido de carbono e óxido de azoto) e foi o primeiro cientista que diferenciou o gás do ar, ao comprovar que em determinadas situações, se libertavam substâncias com propriedades particulares. Também observou que durante a combustão do carvão se libertava uma substância, dióxido de carbono, a mesma que era produzida durante a fermentação do mosto. Aplicou princípios químicos nas suas investigações médicas nas áreas da digestão e da nutrição, enquanto estudava os problemas fisiológicos do corpo humano.

Van Helmont considerava que o ar e a água eram elementos básicos do Universo, e que esta última era a principal constituinte da matéria. Embora tivesse inclinações místicas e acreditasse na pedra filosofal, era um observador cuidadoso e um experimentador exato.

Em 1638, Van Helmont deu a conhecer as suas conclusões acerca do papel da água na alimentação das plantas e, portanto, da sua importância na natureza. Van Helmont realizou uma experiência que lhe permitiu rejeitar a hipótese de que as plantas adquiriam alimento do solo e propôs outra explicação que se baseava nos resultados obtidos. Na experiência desenvolvida colocou num vaso 90 kg de terra previamente seca num forno. Plantou então um pequeno salgueiro que pesava 2 kg. Durante um período de 5 anos, o investigador regou o salgueiro com água da chuva, sem alterar outras variáveis. Enquanto durou a experiência , observou o comportamento da árvore e tirou notas acerca do seu crescimento e evolução. Passados 5 anos , retirou a árvore do vaso, pesou-a numa balança e comprovou que a massa tinha aumentado. Van Helmont concluiu então que: “Cada uma das partes da árvore, ou seja, a massa que ela ganhou provém da água da rega”.

Para além desta ideia, Van Helmont defendeu no seu livro Ortus Medicinae, e publicado pelo filho em 1648, que os “piolhos, carraças, pulgas e lrvas surgem das nossas vísceras e excrementos. Se juntarmos trigo à roupa encharcada de suor que usamos sob nossas vestes e as colocarmos num recipiente com abertura larga, ao fim de vinte e um dias as emanações alteram-se penetrando através de farelos do trigo e transformam-se em ratos. É possível ver ratos de ambos os sexos, e cruzá-los com outros que tenham surgido de modo habitual. (…) Mas o que é realmente incrível é o facto de os ratos que surgiram do trigo e da roupa transpirada não serem pequeninos nem defeituosos, mas sim adultos completamente formados.” Evidentemente, os ratos “resultantes” não se criavam, chegavam simplesmente ao tonel, e por isso ele via-os como adultos completamente formados.

Embora as conclusões a que Van Helmont chegou com base nesta experiência possam ser descabidas, no século XXI, o investigador é reconhecido por ter sido um dos primeiros a tentar conhecer a realidade através da aplicação de métodos sistemáticos e de uma observação rigorosa.

Por: António Costa

Jan Baptiste van Helmont

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