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«O rio Noéme é o pior problema do concelho da Guarda neste momento»

Presidente da Junta do Rochoso alerta para a poluição que está a afectar o curso de água

Joaquim Vargas está preocupado com aquilo que diz ser «um rio completamente morto». O presidente da Junta de Freguesia do Rochoso, no concelho da Guarda, lamenta a «situação de degradação a que o rio Noéme chegou» e teme que a Câmara não concretize o compromisso assumido de despoluir aquele curso de água.

«Neste momento temos conhecimento de que a autarquia se comprometeu a despoluir o rio, fazendo a ligação da principal empresa poluidora à ETAR de São Miguel durante o primeiro semestre deste ano. O tempo está a passar e tenho algum receio que esse compromisso não seja concretizado», refere o autarca. Em causa estão os resíduos despejados para a água por uma fábrica têxtil instalada na Gata (freguesia de Casal de Cinza) há cerca de quatro anos, situação que, segundo Joaquim Vargas, «está a piorar de ano para ano, arrastando-se há duas décadas». O responsável diz «não perceber como é que a fábricas novas não lhes é exigido um tratamento de esgoto de acordo com a legislação, independentemente do contributo que essa fábrica possa dar à cidade em termos de postos de trabalho». E vai mais longe: «Esse contributo, por mais positivo que seja, não se compara com o prejuízo que causa a toda a população que vive junto às margens do rio e que não pode praticar a sua agricultura».

Além de uma espuma densa a cobrir de castanho uma boa parte das águas, os populares ainda têm que suportar um cheiro desagradável e intenso a esgotos, sendo as freguesias de São Miguel, Casal de Cinza, Vila Garcia, Vila Fernando, Albardo e Rochoso as mais afectadas. «Temos ali um problema que tende a agravar-se a cada dia que passa», acrescenta. E nem os animais estão imunes à poluição: «O rio está completamente morto, não se vê um único peixe, até as margens já começam a ficar mortas. Os próprios animais não podem pastar no leito nem nas margens do rio», avisa. Daí que o presidente da Junta do Rochoso não hesite em afirmar que «o rio Noéme é o pior problema que o concelho da Guarda tem neste momento».

Outra das preocupações de Joaquim Vargas prende-se com os investimentos feitos pela Junta, com a plantação de árvores e a criação de um espaço de lazer junto à margem do rio. «No Verão, é aí que as pessoas vão passar os seus fins-de-semana, mas com o rio assim não podemos aproveitar as águas como gostaríamos e como fazíamos na nossa infância», lamenta. «Todas as pessoas da minha geração aprenderam ali a nadar e a pescar, era um rio com muita vida e que diz muito a toda a população do Rochoso e das redondezas», sublinha. «Nós devíamos valorizar aquilo que temos e, nesse sentido, este rio deveria ser limpo» Relativamente à posição da Câmara neste caso, Joaquim Vargas refere que «a justificação dada é que se o rio tivesse um caudal normal a poluição não se notava tanto, mas como há épocas baixas, temos o rio neste estado». Até ao fecho desta edição, não foi possível a O INTERIOR contactar o vereador responsável pelo pelouro de Limpeza e Qualidade de Vida, Gonçalo Amaral, para comentar o caso.

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