Há música com sabor a pó. E a mergulhos no rio. Gente, cerveja a jorrar nos copos, noites que fervilham ao ritmo de Gabriel O Pensador, Sean Riley & The Slowriders, OqueStrada ou Virgem Suta. E há Manteigas, Sameiro e o Vale Glaciar do Zêzere – lugares que apontam um novo caminho para o Festival Serra da Estrela, que se realiza entre 25 e 27 de agosto.
Após dois anos de interrupção – por falta de apoios – há mais um festival a acrescentar à extensa lista dos espetáculos de verão no país. Muda-se de Valhelhas para o complexo do SkiParque, na Relva da Reboleira, em Sameiro (Manteigas), mas o espírito alternativo continua a seguir-lhe os passos. «Este festival pode marcar a diferença pela relação que tem com o espaço, a comunidade local e a vertente ecológica que o caracteriza. Este é o grande festival do centro do país», referiu Bruno Neves, da produtora Associados, durante a apresentação do cartaz, na última quinta-feira, em Manteigas. Organizado pelo município em colaboração com a associação Orgânica e com o apoio da empresa Sabores Altaneiros, o festival traz nomes que atravessam gerações. O presidente da associação Orgânica, Nuno Abrantes, destacou precisamente o cartaz desta quarta edição: «É o que tem mais qualidade, até porque conseguimos trazer um músico internacional, que pode atrair um maior número de visitantes», declarou. Durante três dias, espera-se que passem pelo recinto entre 8 a 9.000 pessoas.
Mas se um festival se faz de música, o lugar que o acolhe não é menos importante. O presidente da Câmara de Manteigas reconhece que se associou – pela primeira vez – à organização do evento por se tratar de «uma atividade que faz parte do cartaz da Serra da Estrela e que não se pode perder». Esmeraldo Carvalhinho acredita que a Relva da Reboleira é «o local ideal» para receber os festivaleiros – ao mesmo tempo que se coloca “a região no mapa”, promovendo os produtos regionais e os lugares mais característicos. Em pleno Vale Glaciar do Zêzere já se sente a agitação, agora que o recinto começa a ser preparado para receber a música e os milhares de festivaleiros. O palco será instalado num descampado ao fundo da pista de esqui. Ao parque de campismo existente será acrescentado um outro, perto da praia fluvial.
Já o espaço junto ao início da pista será ocupado por diferentes barraquinhas que promovem produtos, lugares e eventos regionais. E a vertente ecológica estará um pouco por todo o recinto, com a ajuda do núcleo regional da Quercus e da Sociedade Ponto Verde. Tal como aconteceu em edições anteriores, o alerta para a preservação ambiental vai fazer-se através de “workshops” sobre energias renováveis, produção de rolhas ou distribuição de ecopilhões. À natureza, junta-se ainda o desporto, com os “Trilhos Verdes”, os percursos pedestres de Manteigas, a pesca desportiva, o parapente, a escalada, o BTT e, claro, o esqui. O Festival Serra da Estrela custa 250 mil euros, um custo repartido entre o município e outras entidades. Consciente das atuais restrições financeiras, Esmeraldo Carvalhinho prometeu a continuidade do evento. «Não vos prometo que será anual, mas não será para acabar», sublinhou.
Cartaz já está completo
A 25 de agosto, sobem ao palco o folk, os blues e o rock’n’roll de Sean Riley & The Slowriders. Na mesma noite, atuam ainda os Virgem Suta e a Orquestra de Sopros “Música Nova”. Já na sexta-feira, dia 26, é tempo de Teratron, banda que reúne dois antigos membros dos extintos Da Weasel, que vêm acompanhados por Adolfo Luxúria Canibal – vocalista dos Mão Morta. Seguem-se os OqueStrada, Os Pontos Negros e a Escola de Música da Banda Boa União. O último dia, 27, é de Gabriel O Pensador, artista brasileiro que vai fazer o público recuar ao seu rap dos anos 90. Haverá ainda tempo para novos ritmos folk com a fanfarra Kumpania Algazzara e para o reggae de Freddy Locks. A DJ residente será Cherry Chick. Rui Vargas, dia 26, e John Waynes, a 27, também estão confirmados.
Catarina Pinto 
