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O processo de transferência do PSD

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Menezes concorre contra Marques Mendes. Menezes tem um grupo que vem do passado longínquo, uma plêiade de alcaides, vereadores e presidentes. Também tem militantes de base e o voto popular de Gaia. De facto concorreu e ganhou durante décadas na cidade dos armazéns de vinho do Porto. Menezes fez uma marginal ao rio onde dá gosto passear e comer. Há bons restaurantes e há uma vista lindíssima sobre o Douro e o presépio do Porto. Menezes é médico e chora. Até chora e grita nos Congressos. È um homem emotivo, com um currículo de candidaturas derrotadas no PSD. Só não perde em Gaia.

O dr. Marques Mendes é um desalento político, de uma teimosia desproporcional à sua capacidade de encontrar os defeitos do PS. Mendes luta afincadamente por um lugar ao sol e vive de dentro do PSD. Há em Mendes uma força notável contra as coisas que não aprecia, os políticos que entende sinuosos, um evidente desconforto com Alberto João, com Cavaco, com Marcelo Rebelo de Sousa e todos os que lhe tiram dimensão. Mendes não tem “star quality” e Menezes é uma estrela fosca. Por tudo isto é difícil perceber o PSD e a política em Portugal. Os portugueses mereciam mais da oposição, mereciam ter alternativas a Sócrates, mereciam um enquadramento de soluções diferentes, um menu de acções opostas e eficazes, um elenco governativo da crise. Todos acreditam que não é possível sair da crise de outro modo? Todos pensam que não há modelos alternativos de desenvolvimento? Todos pensam que é necessário construir o TGV? Todos acham que a velocidade nas auto-estradas deve ser 120? Todos pensam que os juízes devem continuar inimputáveis das decisões? Todos acham que devemos seguir o modelo de reformas contra os cidadãos? Todos acham que é bom a PT, a EDP, os CTT e os bancos lucrarem milhões e nós pagarmos mais que em toda a Europa?

Por: Diogo Cabrita

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