Arquivo

«O problema aqui é entre o rico e o pobre»

Houve polémica na Assembleia-Geral do Sp. Covilhã apesar do ponto sobre eventual destituição dos órgãos sociais ter sido retirado

Apesar do ponto sobre a “apreciação e discussão da actual crise directiva e eventual destituição dos órgãos sociais” ter sido retirado da ordem de trabalhos devido a uma proposta de um associado, polémica foi o que não faltou na última Assembleia-Geral (AG) do Sporting da Covilhã, realizada na noite de sexta-feira. Durante mais de quatro horas, cerca de 200 associados aprovaram, por unanimidade, o plano de actividades e orçamento para a época 2010/2011 e viram os presidentes da AG e da direcção esgrimirem argumentos.

No final dos trabalhos, António Lopes explicou aos jornalistas porque não apresentou a demissão: «Por um pedido que não foi meu, esta Assembleia mandou retirar o ponto da ordem de trabalhos e como tal, naturalmente, que não me podia demitir. Nunca deixei nada a meio. Hei-de ir-me embora no dia em que estiver de acordo com a minha consciência, com os interesses do clube e com o esclarecimento cabal aos sócios», afirmou. O presidente da AG do clube serrano acrescentou que, face «aos acontecimentos dos últimos dias e pelo que se passou nesta Assembleia, não há condições nenhumas para trabalhar». Nesse sentido, deverá voltar a marcar nova reunião dentro de pouco tempo, não sem antes reiterar que vai avançar com a demissão «quando tiver missão cumprida». O que, na sua opinião, fica condicionado por «ter a lista completa dos sócios e por o presidente do Conselho Fiscal me apresentar os números rigorosos, porque viu-se nitidamente que não quis dizer os números reais».

António Lopes sustentou ainda que, na passada sexta-feira, se assistiu a «uma tentativa» de o «acusar de andar a instrumentalizar» os associados, contudo, declarou ter sido «visível» nesta AG que esse procedimento não era da sua parte. «Sou uma pessoa de bem, não minto e foi aqui insinuado que eu quero poder. Sempre tenho dito que não e vou continuar a dizê-lo. Agora, não vou embora sem os sócios estarem cabalmente esclarecidos», assumiu o empresário. Por sua vez, numa das suas várias intervenções, José Mendes salientou que «há regras e estatutos a cumprir. Cada órgão tem que tratar daquilo que tem de tratar. Imiscuir-se na vida do presidente e da sua direcção eu não autorizo. Vou continuar a ser o mesmo por muito pobre ou “zé ninguém” que seja. O problema aqui é entre o rico e o pobre», defendeu.

O presidente da direcção afirmou mesmo que o presidente da AG «pode dizer que é o dono disto tudo, mas não é verdade. É uma figura decorativa no clube, ponto final, parágrafo». Ainda assim, reconheceu que António Lopes tem ajudado o Covilhã com «um apoio espectacular», mas ressalvou que ele próprio também tem trabalhado muito em prol da colectividade, exemplificando com «meio milhão de euros em jogadores, a quem o clube não pagou vencimento» graças a empréstimos de outras equipas. «E estamos aqui a falar de vencimentos líquidos, porque se formos fazer as contas ao IRS e Segurança Social, não sei onde é que isto vai parar. Nunca disse isto a ninguém e digo-o nesta AG porque fui enxovalhado nos jornais, mas é aqui que temos que discutir com os sócios e temos que falar», criticou.

José Mendes garantiu ainda que «não há nenhuma crise» no Sporting da Covilhã, que «só precisa de quem cá está», deixando um “recado”: «Quem não quiser cá estar só tem de ir embora», sublinhou. No rescaldo desta reunião, os sócios aprovaram um orçamento de 760 mil euros para o futebol profissional equipas de formação e futsal, o que representa cerca de mais 43 mil euros em relação à época passada.

Ricardo Cordeiro Separados por duas cadeiras, José Mendes e António Lopes foram trocando “mimos”

«O problema aqui é entre o rico e o pobre»

Sobre o autor

Leave a Reply