Arquivo

O Poder das Mulheres

Gosto de trabalhar com mulheres. Nas várias funções que fui tendo ao longo dos anos sempre escolhi maioritariamente mulheres para as minhas equipas. Há vantagens e desvantagens, consoante o trabalho que têm a desempenhar, e a sua disponibilidade para o executar. Ao contrário do politicamente correcto, eu não acredito na igualdade entre homens e mulheres. Temos de ser práticos. Há efectivamente diferenças na postura, na disponibilidade, no desempenho. O sexo, pode influenciar a escolha para um determinado cargo.

O sexo, não enquanto diferença biológica, mas sim, enquanto diferença social. Não tem a ver com maiores ou menores capacidades, tem a ver com a adequação da sua vida e das suas características às exigências do cargo. Muitos lugares de chefia não são ocupados por mulheres, não por discriminação, ou falta de oportunidade, mas pela simples razão de que estas fizeram outras opções de vida.

Quando realmente se empenham e se sacrificam para atingir determinados patamares, eles estão ao seu alcance. Sem quotas, sem batotas burocráticas. Conquistaram desde já o seu lugar na educação (há mais mulheres nas universidades). Essa formação tem de dar resultados práticos. Há mais mulheres em lugares de chefia e no tecido empresarial. E também vão chegar ao fascinante poder político.

Indira Ghandi ou Margaret Thatcher eram apontadas como casos isolados, casos especiais. Hoje, tudo tende a mudar. Ségoléne Royal e Hillary Clinton são fortíssimas candidatas à presidência da França e dos Estados Unidos da América. São-no por direito próprios, por percursos políticos. Mas se olharmos para as suas vidas, vemos que abdicaram de muito para poderem estar na pole position política.

Angela Merkel lidera o governo alemão, Tarja Halonen preside à Finlândia. É certo que falamos de países do ‘primeiro mundo’, mas se olharmos para o outro lado do mundo, encontraremos Michelle Bachelet a presidir a um país latino como é o Chile, ou ver Ellen Johnson-Sirleaf como chefe de Estado da Libéria.

Abomino o sistema de quotas políticas, como um espaço de Reserva Ecológica a preservar na sociedade. As mulheres que assumem os seus objectivos e estão dispostas a sacrificar-se para serem eleitas no mesmo plano dos homens, conseguem-no. Hoje têm efectivamente as mesmas oportunidades – é aqui que resiste a igualdade.

O que me preocupa, não são as mulheres que lutam pelos cargos de poder. Preocupam-me as mulheres anónimas, impotentes de assumir o seu papel dentro da família. As que ainda vivem sob coação física e moral, incapazes de obter a compreensão da sua própria família para se poderem afirmar profissional, social, humanamente.

Mais que as capas de jornal e as vedetas femininas da política, da economia ou do show bizness, o que nos deve preocupar é a mulher moderna numa família arcaica. Uma dessas mulheres com que nos cruzamos pela rua sem imaginar os seus dramas….

Por: João Morgado

Director www.kaminhos.com

Sobre o autor

Leave a Reply