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O poder da minoria governar por todos

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O caso de Sampaio da Nóvoa é um “case study” que carece de explicações severas e claras. Primeiro há que saber que o cargo de embaixador da Unesco é da exclusiva competência do Governo e foge à supervisão do Presidente da República. Contrariamente a embaixadores bilaterais que obriga a credenciais assinadas pela Presidência, este cargo foge dessa verificação. Porque será? Este cargo converte Sampaio da Nóvoa num general da carreira diplomática sem passar por qualquer lugar de preparação. É importante perceber que a diplomacia é como a Medicina, o Direito e a Engenharia – não há como ser sem passar pelo curso. Bem, há sempre uma maneira de chegar a algum lado sem passar pela casa da partida… O PS é o partido das nomeações de amigos e assim já teve Carrilho numa situação que terminou quase em desastre. Também levou para Paris Ferro Rodrigues, mais um com currículo intocável. Mas houve uma necessidade de escolher Sampaio da Nóvoa? Houve concurso com verificação de curriculas de professores de enorme qualidade que temos por aí? Não! Este é um brinde a Catarina Martins e outros das minorias que desejam governar a maioria mesmo sendo meia dúzia. Sampaio da Nóvoa podia ser nomeado diretor do Sta Maria, ou presidente do Tribunal Constitucional, ou Provedor da República? Parece que sim! Aqui faz-se o que se quer e sobra tempo. O que não há é respeito nenhum pela carreira de diplomata e pela história da diplomacia portuguesa! O PS começa por recusar um embaixador de carreira, com uma história sem mácula, exceção ao facto de ter estado como chefe de gabinete de Passos Coelho. Este cargo terá diminuído o percurso de um embaixador de carreira? O que é caricato é que Paulo Portas nomeou o chefe de gabinete de Sócrates – Pedro Lourtie – para cônsul-geral em Paris. Paulo muito melhor que António naquilo a que a posição de Estado concerne.

Sampaio da Nóvoa é nomeado em definitivo para um cargo de generalato com direito a título, a salário e a reforma. E o que leva a tudo isto? Perdeu as eleições com Marcelo Rebelo de Sousa. Estamos no governo dos que entendem que um desejo deve ser uma certeza. Quero levar um canídeo ao Gambrinos? Sou do PAN e apoio o Costa? Venha lá a lei. Votei Sampaio da Nóvoa e quero muito dar-lhe importância? Vamos lá a um empurrão aos diplomatas e dar-lhe a UNESCO. Quero mudar de sexo na infância e a mamã é do Bloco? “Bora lá mais uma lei!” Sou pela eutanásia e o papá tem pressa? Estou nas franjas do Bloco e do PAN? “Bute lá camaradas!” Isto é óbvio. Nós somos mais espertos, mais intelectuais, mais brilhantes que este povo de abencerragens. Este Portugal de cabos de esquadra merece que o conduzam. Viva o grande timoneiro!

Por: Diogo Cabrita

Comentários dos nossos leitores
José ibruxo@gmail.com
Comentário:
E a duvidosa licenciatura? E o crime de ter usado o “tempo de reflexão” para continuação da campanha de modo a ir à 2ª volta das presidenciais?
 

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