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«O PIEF é uma etapa diária»

Cara a Cara – Entrevista

Perfil:

– Liliana Silva

– Profissão: Professora de Matemática e Ciências

– Naturalidade: Porto

– Idade: 25 anos

– Currículo: Professora há 3 anos, frequenta actualmente o curso de Mestrado em Educação Social na Covilhã e é coordenadora do PIEF pelo segundo ano consecutivo

– Hobbies: Folclore e música

P- O Plano Integrado de Educação e Formação (PIEF) é um plano que veio para ficar no concelho da Guarda?

R- Eu penso que não. Apesar de ser um projecto com dois anos, acredito que só terá uma equipa que o levará para a frente por mais dois anos, depois disso acho que não vai continuar. A razão é simples, pois deparamo-nos com muitas barreiras, desde cativar os alunos a voltarem à escola até convencer às famílias dos benefícios desta volta. Ao nível dos apoios, uma vez que esta iniciativa envolve muitos parceiros, também foi difícil coordenar esforços. Mas o entendimento com as famílias é, sem dúvida, a parte mais complicada.

P- Que contributos o PIEF pode dar às escolas?

R- Eu acho que posso falar pelos professores envolvidos no projecto e também pela própria escola. Saber que estamos a “recuperar” os alunos que um dia deitaram a escola para trás das costas, saber que eles voltaram a gostar de voltar à escola e de ver o professor sentado à secretária, é sem dúvida muito gratificante.

P- Qual será a nova etapa do PIEF?

R- Nós trabalhamos sob o lema “cada dia um dia”. O PIEF é uma etapa diária, é chegar ao dia seguinte com a turma toda junta. Em termos mais concretos, o mais importante agora é iniciar a componente prática profissional de mecânica que vai começar mais ou menos a meio deste ano lectivo de 2004/2005. É o resultado de um trabalho diário que passa também pelas reuniões semanais dos professores. Precisamos de estar dentro do que se passa, no sentido de dar um apoio directo aos alunos, ouvir as suas opiniões de forma a planear actividades diversificadas e mediante os desejos e perspectivas dos alunos.

P- O PIEF pode vir a ser institucionalizado?

R- No país existem mais PIEF’s, inclusivamente os nossos alunos estiveram num campo de férias com outras escolas integradas neste plano, mas acho que é ainda um número insuficiente para dar resposta a tantos casos de insucesso escolar.

P- O actual sistema de ensino está preparado para receber este plano?

R- Acho que não, porque o actual planeamento legislativo do projecto garante-nos a parte profissional e vocacional, mas depois não temos estruturas para dar resposta à procura. Pegando, por exemplo, na área de mecânica, temos de contar com um dos nossos parceiros que é o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) para dar resposta à nossa vontade de dar a carteira profissional de mecânica e de costura aos 15 alunos que constituem actualmente a turma. Aquando do PIEF de 6ºano houve uma maior ligação entre as escolas, nomeadamente a EB 2,3 da Sequeira, EB 2,3 de S. Miguel e EB 2,3 de Santa Clara. Neste momento, já temos mais duas integradas, a Escola Afonso de Albuquerque e a Escola Secundária da Sé. Mas é preciso mais apoio e participação das entidades superiores para que possam existir mais PIEF’s em mais escolas.

P- Qual o futuro do PIEF?

R- Eu sou muito positiva. Espero que daqui a dois anos os 15 alunos que estão a frequentar estes dois cursos de Mecânica e Costura tenham nas mãos a carteira profissional e o 9º ano concluído.

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