P- Como é que o Movimento do Povo do Ourondo e Relvas vê a possibilidade de revisão do processo de agregação de freguesias?
R- O recente anúncio por parte do Governo de que vai retomar o processo da reorganização das freguesias, auscultando as populações, definindo critérios e abrindo a possibilidade para as uniões de freguesia que não funcionaram poderem ser revertidas, como é o nosso caso, abriu uma janela de esperança para a população do Ourondo e Relvas.
P- Na sua opinião o que deve ser feito?
R- A Assembleia da República já conhece a opinião das autarquias, uma vez que este assunto já foi amplamente debatido. Agora importa legislar dando a oportunidade para que as Uniões de Freguesia onde o processo não funcionou e onde as populações se sentem “prisioneiras” e reféns de um legislador (Miguel Relvas) que impôs a lei da rolha e de interesses políticos que só a história um dia vai contar.
P- É desta que vai ser restaurada a freguesia do Ourondo?
R – É essa a nossa convicção. Pensamos que reunimos todas as condições para voltarmos a ter a identidade perdida. Este casamento não consentido foi tempo de subdesenvolvimento, um tempo que temos de recuperar com a freguesia de Ourondo.
P- Porque nunca aceitaram a União de Freguesias com Casegas?
R- Nunca aceitámos porque as pessoas sentiram-se marginalizadas e rebaixadas na sua identidade, sendo uma decisão que, geograficamente, nos pôs a andar para trás. Politicamente não teve justificação, assim como economicamente também não se entendeu o porquê desta reorganização. Atacaram o parente mais pobre do poder autárquico para pouparem os mais poderosos.
P- Considera que a freguesia do Ourondo tem sido prejudicada nestes últimos anos?
R – A freguesia do Ourondo foi abandonada literalmente pelo atual executivo da União de Freguesias.
P- Quais são os prejuízos que esta União de Freguesias causou alegadamente?
R – Podemos ver este prejuízo por vários ângulos: afastou a população maioritariamente idosa da sua Junta de Freguesia; perdemos a figura do presidente de Junta como alguém de confiança, a quem se pode recorrer em caso de aflição (o atual presidente nunca veio ao Ourondo, a não ser em comitivas politicas ou camarárias); a limpeza urbana passou a ser pontual, mantendo a aldeia suja; a obra de requalificação do Largo da Carreira parou, o local é a sala de entrada da aldeia e passou a ser um estaleiro de obras; o jardim perdeu esse estatuto tal o estado de abandono; deixou de haver preocupação com os recintos religiosos, nomeadamente com o Santuário de Nossa Senhora do Carmo, cartão-de-visita da aldeia; a preocupação que sempre houve com o parque fluvial desapareceu. Perdemos também um interlocutor que sinta as nossas preocupações junto da Câmara e do poder politico e nem o cemitério, como local sagrado, foi poupado ao desinteresse de quem nos administra. A Junta abre apenas duas horas por semana, enquanto em Casegas abre diariamente com dois funcionários – até o funcionário da Junta que existia no Ourondo vai diariamente para Casegas. Perante isto só nos resta continuar a lutar para que a justiça seja reposta.
Perfil:
Porta-voz do Movimento do Povo do Ourondo e Relvas
Idade: 59 anos
Profissão: Assistente operacional na Escola Básica n.º2 do Paul (Covilhã)
Naturalidade: Covilhã
Livro preferido: “A lã e a neve”, de Ferreira de Castro
Filme preferido: “1900”, de Bernardo Bertolucci
Hobbies: Leitura e contemplação