Até agora o Partido Socialista governou para as eleições e afundou Portugal.
A partir de agora, o governo está obrigado a salvar Portugal e o Partido Socialista vai perder as eleições.
É com esta inexorável equação que devemos começar a desenhar o nosso futuro.
Ninguém tem duvidas que este orçamento impõe restrições, apertos e dificuldades inultrapassáveis às pessoas e às empresas.
Todos temos de nos habituar à missão quase impossível de ganhar menos e poupar mais com mais despesa e menos dinheiro.
Neste cenário e com o “presente envenenado” que o PSD ofereceu ao PS com a viabilização do orçamento, o Governo entrou numa encruzilhada.
Ou mantém o colete de forças sobre os portugueses e a situação social e económica do País se torna insustentável a ponto de tornar inviável a governação socialista, ou tenta ser mais brando, não cumprindo o orçamento, e cai-lhe em cima o FMI e a oposição, esta com uma moção de censura.
O resultado é que só por milagre não haverá novas eleições legislativas em 2011 ou em princípios de 2012.
E se nessas eleições não surgir uma alternativa estável do centro direita (aquela que é sempre chamada quando o País está a um passo da bancarrota …), Portugal “italianiza-se” e mergulha no sufoco da instabilidade politica e na sucessão de governos frágeis e minoritários.
As reformas estruturais que precisa de fazer como de “pão para a boca” serão adiadas e a crise, a verdadeira crise – até agora foi uma “brincadeira” – perdurará por muitos anos e terá consequências aterradoras.
Aqui chegados, impõe-se concluir que se Portugal entrou em coma com este governo, a terapia orçamental que a União Europeia e os mercados lhe impuseram para a cura o vão manter por muito tempo ligado às máquinas.
As sequelas dessa terapia castigam, como sempre, quem tem o ‘sistema imunitário’ mais diminuído.
O interior do país em geral e o Distrito da Guarda em particular vão sentir acentuadamente as lesões já a partir de Janeiro.
Quem é pobre fica muito mais pobre se lhe tirarem o mesmo que tiram a um rico.
É o que o Governo prevê fazer com a Guarda com este orçamento de Estado para 2011.
O aumento do IVA em 2 pontos, martiriza muito mais um interior em dificuldades do que um litoral com capacidades.
O fim do abono de família para quem tem rendimentos mensais brutos superiores a 628 € é um desincentivo à natalidade e ao equilíbrio demográfico que massacra muito mais um interior desertificado do que um litoral povoado.
A introdução de portagens na A23 e na A25 é uma medida que penaliza ainda mais um interior a necessitar de ser procurado e convida as pessoas e as empresas a fixarem-se num litoral a necessitar de ser “aliviado”.
A redução para metade do valor associado às bolsas escolares, sem descriminar positivamente os estudantes que procuram estabelecimentos de ensino do interior, é um gasto que, indirectamente, acaba por beneficiar a concentração da população estudantil no litoral.
A redução da comparticipação de 100% para 95% do regime especial de complemento para idosos, é um revés que afecta a população idosa, mais concentrada no interior.
A redução de 36,4% do valor das transferências do Estado – PIDDAC – (cerca de 2,5 milhões de euros) para o Distrito da Guarda é um sintoma de que este Governo aposta num fosso cada vez maior entre um interior esquecido e um litoral que rende muito mais votos.
Tudo sopesado, este orçamento é péssimo para o País e quase fatal para o nosso Distrito.
É este o legado que nos deixa este Governo e o Partido Socialista.
Repudiá-lo, era ainda pior.
Agora é tempo de pagar os abusos e de fazer dieta das “refeições” sumptuosas dos últimos anos.
Não se augura nada de bom.
Parafraseando a anterior e o actual líder do PSD, “este é apenas o início de um caminho, mas o pior ainda está para vir”.
Mas não haverá solução para este descalabro? Há. Tem que haver. O primeiro passo é mudar de Governo e de Primeiro Ministro.
Por: Carlos Peixoto *
* deputado do PSD na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda
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