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O novo mundo na sede do PCP da Covilhã

Painéis setecentistas com motivos surpreendentes dos Descobrimentos são a atracção do momento

É a grande atracção do momento na Covilhã. Trata-se do resultado dos trabalhos de recuperação dos painéis de madeira pintados à mão do Centro de Trabalho do PCP. Jerónimo de Sousa passou por lá no último domingo e pôde apreciar as pinturas setecentistas com uma visão global, não religiosa, do mundo e desenhos semelhantes a construções do século XX.

Para além das salas agora requalificadas, há dois espaços com os tectos decorados classificados de interesse público pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR). No entanto, o da antiga capela está em avançado estado de degradação e ainda à espera de financiamento para ser intervencionado. Mas, ao lado, surgem os painéis do Salão dos Continentes, restaurados em 2002. Segundo o historiador Vítor Serrão, foram pintados em 1690 pelo mestre Manuel Pereira, a mando do proprietário da casa, Simão Tavares Cardoso, uma família de letrados e negociantes têxteis. O tecto é uma alusão aos Descobrimentos e tem um núcleo central com quatro figuras femininas, correspondentes aos quatro continentes conhecidos na época pelos portugueses. Daí irradiam oito pinturas, que representam motivos civis e imagens do quotidiano desses continentes.

Os painéis mostram inclusivamente cidades com edifícios altos, antecipando cenários urbanos que surgiriam séculos depois. «Como é que alguém imaginou isto? Com que informação? Estas pinturas são fascinantes e colocam inúmeras questões», refere José Afonso, director regional do IPPAR de Castelo Branco. O restauro foi impulsionado pela Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE). Os trabalhos custaram cerca de 40 mil euros e foram patrocinados pela Acção Integrada de Base Territorial (AIBT) da Serra da Estrela e pelo IPPAR.

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