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«O maior contributo de todos é dizer não ao isolamento»

Cara a Cara – Entrevista: Castro Fernandes

P – Como surgiu a ideia de criar na Guarda uma delegação da Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson?

R – Esta delegação começou a ser pensada em finais de 2006, altura em que, em conversa com o delegado de Castelo Branco, o doutor João Wadhooomall – homem de fé e de grande determinação – e após uma reunião de associados no Hospital de Castelo Branco, nos incentivou a seguirmos o nosso próprio caminho, criando a delegação da Guarda, uma vez que a delegação de Castelo Branco tinha a extensão do nosso distrito, mas por motivos de saúde dos intervenientes não foi possível avançar.

P – Qual o contributo que a delegação pode dar aos doentes?

R – A delegação pode, sem dúvida, dar vários contributos importantes como criar oportunidades de encontro entre associados, organizando eventos suscetíveis de servir os doentes, familiares e cuidadores. Pretende apoiar atividades específicas que beneficiem diretamente os doentes, como fisioterapia, hidroterapia, terapia da fala, psicoterapia, neurofisioterapia, apoio domiciliário e às famílias, desbloqueamento de problemas assistenciais, entre outras situações, com a assinatura de protocolos com as diversas entidades do distrito. Contudo, o maior contributo de todos é dizer não ao isolamento. É possível, sobretudo, incentivar o doente a seguir em frente com a sua vida.

P – Há uma estimativa de quantos doentes há no distrito?

R – Não há uma estimativa que a delegação tenha conhecimento do número de doentes no distrito. No entanto, é seguro que possa haver um número significativo, isto porque, teoricamente, a doença afeta ou começa a ter maior incidência em pessoas a partir dos 50/60 anos e, como se sabe, o nosso distrito possui uma das franjas etárias mais envelhecida da Europa. Existem certamente mais casos, se tomarmos como referência os cerca de 20 associados da Associação.

P – Ainda há muito desconhecimento do que é a doença de Parkinson?

R – A sociedade da qual todos fazemos parte, de um modo geral e a família em particular, só sente esta estranha realidade quando o “anátema” lhe cai em cima. Não é por mal, estigma ou preconceito, mas é sobretudo por falta de informação. Têm da doença de Parkinson um débil conhecimento, confundindo-a muitas vezes com outras patologias. Mas é natural que isso aconteça.

P – Que tipo de iniciativas é que a delegação planeia fazer?

R – Começámos agora a dar os primeiros passos, mas já com o firme propósito, dentro das nossas capacidades físicas e materiais e apoiados por um voluntariado que connosco coopera, de mantermos com os nossos doentes, suas famílias e cuidadores a maior solidariedade em todas as valências. Queremos promover sessões de esclarecimento, convidando membros da comunidade científica, cursos de cuidadores, informação pública através de desdobráveis, bem como cooperar com a comunidade científica e informar das novas terapias junto dos nossos doentes. Estas são algumas das metas que nos propomos alcançar.

Castro Fernandes

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