Arquivo

O lirismo de Rodrigo Leão

Acompanhado do Cinema Ensemble, músico actua no TMG para apresentar o seu último álbum

Rodrigo Leão está de volta à Guarda quatro anos depois de ter actuado no TMG. Desta vez, o músico apresenta o seu nono disco, já considerado pela crítica o mais lírico e emocional da sua carreira. E não é para menos, intitulado “Mãe”, este trabalho pretende homenagear a sua mãe, falecida no início deste ano.

O tema “Vida Tão Estranha” é, porventura, o mais conhecido do grande público, mas há mais 16 músicas de grande qualidade e de melodias únicas que combinam o clássico e o electrónico. Há também colaborações de ouro como a de Stuart Temples (Tindersticks) ou de Neil Hannon (Divine Comedy), mas que não poderemos ver/ouvir no grande auditório no sábado à noite. O que é um mal menor se nos lembrarmos da maestria do Cinema Ensemble, a banda que acompanha Rodrigo Leão há alguns anos. Já a canção que dá o título ao álbum não foi composto propositadamente, mas gravado previamente. «Dei-o a ouvir à minha mãe através do telemóvel já estava ela hospitalizada, dias depois ela pediu para ouvir, e decidimos dar-lhe o título “A Mãe”», contou o compositor numa entrevista ao “Diário de Notícias”, revelando que a sua mãe era «muito participativa» no seu trabalho. «Ela ouvia atentamente e dava opiniões, ia aos concertos e gostava mais de umas que outras canções», recordou.

Rodrigo Leão confessou também que “Mãe” é o seu disco «mais filosófico, no sentido em que aborda questões da vida e da morte, o que estamos aqui a fazer e para onde vamos, mas encaradas de uma forma natural, não temos de nos deprimir por levantarmos estas questões». Na sua longa carreira a solo destacam-se os álbuns “Ave Mundi Luminar”, “Theatrum”, “Alma Mater”, “Cinema”, “O Mundo”, além do álbum ao vivo “Pasión”. Rodrigo Leão integrou os Sétima Legião e depois os Madredeus, que abandonou no final da década de 80 para enveredar por uma carreira a solo. “Ave Mundi Luminar”, com o Vox Ensemble, surgiu em 1993, surpreendendo tudo e todos com uma música onde os sons clássicos tinham abordagens modernas, acompanhados de letras cantadas em latim. O álbum superou as expectativas iniciais e teve edições em vários países. Em “Theatrum”, o segundo conjunto de originais, destacam-se ambientes mais soturnos e consideravelmente mais complexos que no anterior. Em 2000 produziu “Alma Mater”, que reflectiu uma nova transformação nas composições do músico sendo considerado um álbum bastante mais leve que o anterior. Seguiu-se “Cinema”, uma provável banda sonora imaginária de um filme, enquanto “O Mundo” foi uma primeira compilação com temas originais regravados – “Carpe Diem”, “Amatorius” ou “Ave Mundi Luminar” – e músicas inéditas.

A digressão de “Mãe” passa pelo grande auditório no sábado à noite

O lirismo de Rodrigo Leão

Sobre o autor

Leave a Reply