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O intelectual de serviço

Em regra, o intelectual de serviço é de extracção sócio-cultural-económica popular. Não importa se nasceu num fundão ou no cimo da serra. As suas raízes são populares e isso é que urge salientar.

Pode, bem entendido, ser oriundo de um meio erudito, como, v.g., Eduardo Prado Coelho, que já defendeu mil coisas e há dias se cobriu de supremo ridículo quando julgou que desfeiteou o Reitor do Santuário de Fátima, P. Luciano Guerra, por este – muito certeiramente – “assestar” contra pederastas e lésbicas.

Sobre Prado Coelho retive sempre o que dele disse a “sagitária” Teresa de Sousa: “É um pateta que se leva a sério”. Vir de ambiente erudito é, todavia, excepção.

… De extracção popular – mas que perdeu o que de sublime o povo tem. Depois fez o Liceu e a Universidade, conquanto alguns, por terem frequentado o Seminário, mal tenham posto os pés naquele.

O título conseguido na Universidade fez mais que deslumbrá-los – cegou-os. E tanto cegou os da Literatura ou da Linguística, como da História e Filosofia, da Sociologia ou Antropologia,…

Lembram, incoercivelmente, Mao Tsé Tung quando declarou que “ler muitos livros torna as pessoas idiotas”.

Explico: os livros são inexprimivelmente preciosos. Não podemos é limitar-nos a ser um acervo de registo de opiniões (doxógrafo, como se ensina aos caloiros de Filosofia).

Num certo momento da sua vida, o intelectual de serviço embasbacou-se por … ter tanto saber e considerou a Universidade um cume inultrapassável.

Ridículo? Tenha sempre bem presente, estimado leitor, que a melhor ficção é a realidade.

O saber amassa-se com persistência, ao longo de uma vida, a qual se mistura com humildade, isolamento, meditação, firmeza, determinação, conhecimento e profundo respeito pelo corpo – o que é, evidentemente, demasiado para o intelectual de serviço.

Com efeito, ou passa muito tempo em cafés, ou em reuniões, ou com amigalhaços, ou enevoado em fumo de cigarradas, ou…

Que o intelectual de serviço tenha transitado da posição tal para a tal, não admira. “Se, no comércio com a realidade, estamos permanentemente a enganar-nos, por que não havíamos nós de enganar-nos no Amor?” Ortega y Gasset.

Ou seja: estas linhas não são uma crítica ao intelectual de serviço. Muito menos um impossível ressentimento. São, isso sim, uma chamada de atenção para o malefício da acção de tais criaturas.

O intelectual de serviço é sempre de “esquerda” e “socialista”. Não sabe, nunca ninguém lho disse e a sua massa cinzenta também não o enxerga, que, por ser divina, a Abundância não tem limites.

Ou seja: a Riqueza fomenta-se; só depois se distribui. Pelo já dito e a seguir continuado sempre priorizou a distribuição. Ainda se lembra, estimado leitor, dos ricos empresários lusos compelidos ao exílio a seguir ao 25 de Abril?

O intelectual de serviço ainda não passou daqui e a sua solidariedade é distribuir à doida – aos seus primeiro, bem entendido – e … miserabilizar. Diabólico? – Tal qual.

A existência deu ao intelectual de serviço mais que alguma vez ele pôde imaginar. – E, por um lado, habituou-se a um trem de vida que, aldeão, nunca logrou lobrigar. Por outro, considerou-se imprescindível.

Sim, imprescindível na… política. Que não tenha sentimentos estéticos, perspicácia , finura ou fineza, o valor da pessoa… que importa? É um dos ídolos da praça…

Mark Twain, “sagitário”, que disse que “quando te sentires próximo da maioria o melhor é pedires a reforma” é um horror para ele. Claro! Um absurdo horror.

Decorou a Liberdade – Igualdade – Fraternidade da Revolução Francesa; depois os três momentos dialécticos hegelianos; em seguida Marx e tutti quanti. Estes, que falavam da morte à Igreja, exaltavam a Razão e o Laicismo e colocavam as massas nos píncaros do protagonismo social e histórico é que lhe convinham.

O Laicismo não tem sentido, a Razão gera monstros, as massas são acéfalas e a Universidade uma treta (boa, claro, para um “canudo”, se ganhar a vida com ele e … fazer figura perante ignorantes ainda maiores).

Como, bem entendido, os políticos (numerosíssimos), são muito mais limitados que eles, ambos os comparsas se sentem lisonjeados. Os políticos adornados, os intelectuais de serviço bem narcisados.

Nós – para não nos sentirmos lixados (passe o termo) – temos que os desmascarar e anular. O intelectual de serviço é um perfeito democrata enquanto… lhe corre. Depois disso todos os meios são bons para os seus fins.

O prezado leitor vá a correr ver se encontra O Zero e o Infinito, de Arthur Koestler, v.g.. pois a majoração da democracia só a nós cabe.

Sim, porque lixados, nós, não – nunca.

Guarda, Dia de Santo António

Por: J. A. Alves Ambrósio

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