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O início de uma nova era?

Editorial

1. Como sempre, ao entrarmos num novo ano elevamos as expetativas, analisamos e antecipamos sucessos e formulamos desejos. Há inclusive quem aposte em grandes mutações, em verdadeiras metamorfoses com a entrada no novo ano. Outros registam a mudança de ano como ponto de partida para novas aventuras, para a concretização de sonhos e ambições, para a mudança de hábitos (deixar de fumar, passar mais tempo com os filhos, emagrecer, mudar de gadget, mudar de emprego, …) mudar de vida…, porque «ano novo, vida nova»! É a síndrome das novas realizações, da (boa) esperança, dos novos desígnios e do entusiasmo renovado. É o olhar para um “novo” futuro, um futuro que não existe porque na verdade o que temos é o momento, o presente.

E é sobre o presente que deve incidir o nosso foco. Ano novo, vida nova e preços novos. Vamos ter aumentos de preços nos transportes e nas portagens, mas também irá aumentar a eletricidade e o gás, as rendas de casa, os automóveis (agravamento do Imposto sobre Veículos e aumento do Imposto Único de Circulação), o tabaco e a alimentação (nomeadamente as bebidas açucaradas e o pão). É o regresso da inflação (finalmente), que absorverá o pequeno aumento de salários e anulará a melhoria dos rendimentos ansiada. E é o ano em que o salário mínimo vai chegar aos 580 euros. Um novo ano em que as taxas de juro continuarão baixas e a Euribor deverá continuar negativa – oxalá!

Mas é também o ano da confirmação das boas contas de Portugal, com o défice a manter o seu percurso de descida e historicamente baixo e o crescimento do PIB a confirmar a retoma da economia, alavancada no turismo e nas exportações.

2018 tem tudo para ser o ano da confirmação de Portugal como país de moda e de afirmação internacional. Um ano em que já não bastará termos o melhor jogador do mundo, queremos ser campeões do mundo; já não bastará ter o ministro coordenador do Eurogrupo, queremos liderar a reforma da Europa; não bastará ter o secretário-geral da ONU, queremos liderar a diplomacia mundial e ter o reconhecimento universal! 2018 vai ser, definitivamente, o ano de Portugal.

E vai ser o ano da coesão nacional. Depois das tragédias de Pedrógão e do dia 15 de outubro «nada ficará como antes» e não serão apenas promessas (do governo): o interior vai mesmo mudar. O Infarmed irá para o Porto e haverá descentralização e desconcentração de serviços, haverá investimento público no interior e haverá um novo caminho com correção de assimetrias, desenvolvimento territorial e promoção de qualidade de vida no “Portugal profundo” e até agora ostracizado. 2018 será o primeiro ano de uma nova era que temos de exigir – começamos o ano com fundado otimismo… Daqui a 12 meses veremos se havia razões para isso!

2. Convidámos algumas personalidades da região para refletirem sobre o que não desejamos para o novo ano e para anteciparem um pouco do que esperam de 2018. Muito para além dos clichés habituais, publicamos nestas primeiras semanas do ano ensaios e opiniões sobre as expetativas de pessoas que vivem intensamente a vida da região. São contributos relevantes e que agradecemos porque só com a participação de muitos poderemos ter uma sociedade civicamente mais evoluída e culturalmente mais rica. Votos de um Próspero Ano Novo a todos os leitores, clientes e colaboradores.

Luis Baptista-Martins

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