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O impasse dos fundos

Editorial – Jornal das Empresas

A “passagem” para o novo Quadro Comunitário de Apoio (2014-2020) está a dar algumas dores a empresário e associações empresarias. O fim do QREN, onde os mecanismos de candidatura, orgânica de funcionamento e dinâmica de financiamento já eram consabidos e devidamente percecionada por todos os intervenientes, obriga a um impasse na programação e implementação do novo QCA. Os projetos e candidaturas ao investimento ficam assim durante alguns meses a aguardar implementação.

Considerando o estado de crise e a necessidade de alavancar a economia com urgência, este é um período extremamente nefasto, pois atrasa o processo de investimento. E é especialmente relevante numa economia débil como a do Interior: a maioria das empresas da região dificilmente pode investir ou tomar opções de futuro sem terem claro o apoio comunitário a que se poderão candidatar. Pior, o impasse de mudança de QCA não só condiciona estratégias, como põe em causa atividades específicas, pois não se sabe se poderão ser enquadradas no novo Quadro, e coloca em risco o desenvolvimento de projetos e concretização de investimentos.

Em setembro concluiu-se o processo de candidaturas a investimento no anterior Quadro Comunitário. Fechado o QREN as intenções de investimento estão a aguardar a abertura do novo ciclo de programação de fundos comunitários que, provavelmente, só em setembro começará a rececionar novas candidaturas. Ou seja, se não houver problemas na estrutura de gestão do novo quadro, talvez no último trimestre do ano seja possível às empresas definirem os seus planos e candidatarem-se aos fundos comunitários. Se houver complicações, como aconteceu na fase inicial do QREN, porventura só no primeiro trimestre de 2015 é que começaremos a sentir influência de fundos comunitários na dinamização empresarial e na alavancagem da economia regional. Até lá, os empresários e interessados em investir devem meditar bem sobre as melhores ideias, estudar o respetivo projeto, definir os critérios e opções de financiamento, estudar o seu enquadramento no novo QCA e decidir… ou investem já porque há condições de sucesso e capacidade de investimento ou então, o melhor é esperar para conhecer o enquadramento. O impasse pode ser apenas de seis meses (mais ou menos), tempo suficiente para perder boas oportunidades ou período demasiado curto e irrelevante na vida de um empresário. O melhor será esperar.

Luís Baptista-Martins

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