P – Está de volta a maior feira de inverno da beira interior, quais as novidades deste ano?
R – A Feira das Tradições é efetivamente o maior evento de Inverno da Beira Interior. Para este lugar de destaque muito contribui a capacidade deste evento se reinventar, ano após ano. Existe um esforço muito grande para proporcionar sempre ao visitante uma Feira das Tradições renovada e que vai de encontro às suas expectativas. Na minha opinião, esta dinâmica na conceção e apresentação da feira, aliada ao facto de todos os anos o certame ter um tema diferente, em muito contribuiu para o sucesso que ela tem vindo a alcançar. Todos os anos, a Feira das Tradições apresenta espaços com novas funcionalidades, com uma nova configuração, o que permite, não obstante a Feira já se realizar há 22 anos, manter sempre um grande interesse para o público e para todos os pretendem associar-se a este evento através da exposição dos seus produtos. A verdade é que tem sido notório o aumento da procura no período de apresentação de candidaturas para a ocupação dos espaços disponíveis, espaços que são claramente insuficientes. Para responder de forma concreta à sua pergunta, este ano, como não poderia deixar ser, vamos ter muitas novidades. Temos uma área coberta superior a 8.000 metros quadrados, com espaços totalmente renovados do ponto de vista funcional e do ponto de vista visual.
A Feira das Tradições é ainda um evento concebido e dirigido para as famílias, com espaços de entretenimento para as crianças, que, durante todo o tempo de duração do evento, serão supervisionadas e acompanhadas por profissionais enquanto os pais podem deliciar-se no espaço dedicado à promoção e degustação dos nossos produtos endógenos, visitar o espaço dedicado às freguesias do concelho e apreciar, além dos seus sabores, também os seus saberes e as suas tradições, constatar a diversidade e o interesse das atividades económicas em exposição, para de seguida, novamente juntos, jantarem à mesa de um dos 24 espaços de restauração/tasquinhas e finalizar o dia a assistir aos concerto do Anselmo Ralph, da Áurea, dos Sangre Ibérico, dos Santa Maria, ou do DJ Diego Miranda, entre outros.
P- O que é que a Feira das Tradições representa para o concelho e para a economia local?
R – Usualmente, este evento é identificado apenas por Feira das Tradições mas a verdade é que o nome completo da Feira é Feira das Tradições e das Atividades Económicas. E este evento tem já um grande impacto na economia local. Começo por referir que, durante este fim-de-semana, os alojamentos disponíveis, nomeadamente de turismo rural, esgotam totalmente. Aliás, esgotam com várias semanas de antecedência relativamente à data da realização do evento, sendo necessário recorrer a unidades hoteleiras de concelhos vizinhos. Durante estes dias confluem para a cidade dezenas de milhares de pessoas. Na edição realizada no ano de 2016 tivemos, aproximadamente, 50.000 visitantes. Pelo que o impacto ao nível da economia local é já muito significativo. Posso dar-lhe um exemplo: no espaço de restauração da Feira das Tradições os visitantes vão ter disponíveis 10 restaurantes e 14 tasquinhas. Estes 24 espaços são quase todos dinamizados por agentes económicos do concelho, restaurantes, associações, bares, etc.
Dos produtores presentes no certame, grande parte são provenientes do concelho. Não se pense que isto significa que não há procura por parte de agentes económicos de fora do concelho. Pelo contrário, no período de apresentação de candidaturas, foram rececionadas candidaturas por parte de produtores, de empresas, de profissionais da restauração oriundos de todo o país, mas a verdade é que se pretende que a feira seja uma “montra” do concelho de Pinhel e por isso há sempre um cuidado em manter uma forte representatividade do tecido económico e empresarial do concelho.
P- Quais as expectativas para esta edição?
R – Eu fui diretor da Feira das Tradições durante 12 anos, sou o presidente da Câmara das últimas três edições, portanto não sou propriamente novato ou inexperiente no que à Feira das Tradições diz respeito. Mas a verdade é que, não obstante toda a experiência acumulada e que é da maior importância, cada feira é uma feira e os dias que a antecedem são sempre vividos com a emoção e com a ansiedade que só os momentos verdadeiramente marcantes podem proporcionar. E portanto as minhas expectativas são as melhores. Antecipo e convido todos a poderem viver três dias de uma animação constante, de momentos culturais muito diversificados, de que constitui exemplo o espetáculo da Banda Filarmónica de Pinhel, juntamente com a Universidade Sénior, a classe de ballet da Academia de Música de Pinhel e o Coro daquela mesma academia, que está agendado para sexta-feira (dia 24), e que vai levar ao palco mais de 70 intérpretes. Ou ainda para a tarde de domingo, quando decorre a grande celebração da cultura com a atuação de diversos grupos de cultura popular e com a formalização dos protocolos de apoio do município às forças vivas da cultura do nosso concelho.
P- Quantos expositores irão estar presentes?
R – O número de expositores têm-se mantido mais ou menos constante porque o espaço disponível se encontra totalmente utilizado. Às vezes digo, a título de exemplo, que se a Câmara tivesse o dobro do espaço disponível teria ocupação garantida para esse espaço. Mas a verdade é que o espaço que temos atualmente disponível permite a instalação de 200 stands e portanto esse é o número expositores presentes. O trabalho que tem vindo a ser efetuado passa agora não tanto pela quantidade dos expositores presentes, mas antes pela diversificação das áreas de negócio em exposição por forma a permitir uma maior representatividade e diversidade das atividades económicas.
P- Esta edição tem como tema “Brasões, pelourinhos e cruzeiros”. O vosso objetivo é também promover o património local do concelho? Como o pretendem fazer para além da feira?
R – O concelho de Pinhel possui um património cultural de um enorme significado. Pinhel é a cidade com mais brasões por metro quadrado, possui belíssimos pelourinhos que dão, ainda hoje, testemunho da autonomia local e tem um pouco por todas as localidades cruzeiros que simbolizam a fé cristã. A Câmara Municipal tem feito um esforço significativo na divulgação e proteção do seu património, assumindo, por vezes, competências e responsabilidades financeiras que, nos termos da lei, não seriam suas. É o que está a acontecer com o castelo de Pinhel, cuja recuperação e manutenção é da competência da Administração Central, do Governo, por se tratar de um monumento nacional. Não obstante, a verdade é que vai ser a autarquia a assegurar a empreitada de recuperação da muralha e parte significativa do respetivo encargo financeiro. Pinhel sempre se identificou como um concelho com tradição e que respeita a sua história, pelo que a preservação do seu vasto património cultural constitui uma prioridade.
P- Este certame contribui de que forma para a afirmação de Pinhel?
R – A Feira das Tradições tem contribuído de forma muito significativa para a afirmação do concelho de Pinhel. O turista que visita o certame, ao percorrer todo o recinto, vai poder deliciar-se com os produtos endógenos do nosso concelho, desde o mel, ao azeite, passando pelos vinhos, vai poder testemunhar a dinâmica cultural no nosso concelho através das atuações dos diversos grupos culturais, vai poder ver a partilha do saber com os nossos artesãos e presenciar a vitalidade dos agentes económicos presentes.
Este é o concelho de Pinhel da atualidade, um concelho moderno, que respeita o seu passado e a partir dele projeta o futuro, um concelho que possui mais de 40 por cento da área de vinha de toda a Beira Interior, que produz vinho com características especificas que têm vindo a ser reconhecidas com a atribuição de diversos prémios, que tem um azeite de excelente qualidade, que tem uma dinâmica de produção de eventos culturais e desportivos impar na região da Beira Interior e que apresenta capacidade de atração de investimento, nacional e estrangeiro, que se concretiza com a instalação de novas empresas e criação de novos postos de trabalho. Este é o município que nos últimos três anos modernizou totalmente o centro urbano da sede de concelho, com a requalificação do espaço urbano, de edifícios históricos, com a instalação de novos equipamentos culturais, como é o caso do Museu Municipal e do Museu Mestre Soares, e com a construção de novos equipamentos de desporto e lazer, de que constituem exemplo as piscinas municipais cobertas e descobertas. Este é, portanto, um concelho com muitos argumentos para conquistar todos os que o queiram visitar ou todos os que nele se pretendam instalar, garantindo-lhes o acesso a uma qualidade de vida extraordinária, com uma tranquilidade impar e a meio caminho entre Lisboa e Madrid.
P- Mais uma vez, o programa (animação) é uma aposta forte. Acredita que vai ter casa cheia?
R – Não tenho qualquer dúvida que a casa vai estar totalmente repleta. A Feira das Tradições prima por ter sempre um cartaz com artistas de grande qualidade e este ano não é exceção. Vamos contar com grandes artistas que, estou certo, nos proporcionarão espetáculos de excelente qualidade. Não posso deixar de referir a presença dos consagrados Anselmo Ralph e Áurea, mas o cartaz da Feira das Tradições conta ainda com a presença de outros artistas como os Sangre Ibérico, que depois de terem alcançado a final do concurso televisivo “Got Talent Portugal”, estão a maravilhar os nossos irmãos espanhóis na versão espanhola daquele concurso. Para além dos já identificados, a Feira contará ainda com a presença dos Santa Maria e de DJ consagrados como o Diego Miranda e a Olga Ryazzanova, para além de outros grupos de animação musical.
P- O facto de esta ser uma altura de muitas festas na região, acha que pode de alguma forma afastar visitantes que acabam por optar por outros eventos em outros concelhos?
R – A qualidade da Feira das Tradições tem levado a que esta se afirme como evento de referência em toda a região Centro e na Beira Interior. É verdade que este fim-de-semana é seguramente a data em que coincide o maior número de eventos na região, no entanto, tal facto não prejudica a afirmação da Feira das Tradições, pelo contrário, antes sedimenta o lugar de evento de referência, que tem vindo a ocupar. Como já referi anteriormente, a qualidade do evento, o empenho das Juntas de Freguesia, da população, do Agrupamento de Escolas, das coletividades e dos expositores em geral, distinguem o nosso evento dos demais. É verdade que a Feira das Tradições é uma organização da Câmara de Pinhel, mas é acima de tudo um evento do concelho, para o qual se mobilizam centenas de pessoas. E é este envolvimento que lhe dá um toque único.
P- Que outros projetos conta inaugurar até ao final deste mandato?
R – Desde 2013 que este executivo municipal garantiu para Pinhel a concretização de diversos investimentos, que quer pelo número, quer pela sua dimensão, não têm paralelo na história deste concelho. Foram três anos de grandes concretizações, de ritmo acelerado e este último ano de mandato não será diferente. O objetivo é manter o ritmo de realização de obras, de concretização de investimento. Assim, tenciono ainda inaugurar, até final do mandato, as novas piscinas descobertas de Pinhel, que constituem um projeto inovador e que presta homenagem ao nosso produto endógeno mais marcante, o vinho. Estas piscinas encontram-se integradas no “pulmão” da cidade, o Parque da Trincheira, cuja requalificação decorre a bom ritmo e que deverá ser inaugurado no próximo feriado municipal. Conto ainda inaugurar as piscinas municipais cobertas, cumprindo assim o único compromisso que assumi com os eleitores na campanha eleitoral e proporcionando aos pinhelenses um equipamento que pelo qual esperam há décadas. Estas são as obras mais emblemáticas que espero inaugurar até ao fim do mandato, mas a verdade é que muitas outras, quer na sede do concelho, quer nas diversas freguesias, serão ainda concluídas e inauguradas durante o presente ano. Este é o nosso ritmo normal e vamos mante-lo até final do mandato.
P- Qual a obra de que mais se orgulha?
R – Todas as obras realizadas têm um significado especial, todas elas foram concretizadas para suprir carências, para aumentar a qualidade de vida dos pinhelenses, para preparar o concelho para o futuro. No entanto, permito-me distinguir as obras do Museu Municipal de Pinhel e das piscinas cobertas. Foi sob a minha presidência que Pinhel voltou a ter um Museu Municipal, que é um equipamento que, pela sua qualidade, orgulha todos os pinhelenses. Foi, de facto, um grande investimento por parte da Câmara Municipal e é um equipamento que conta com muito empenho pessoal meu, do qual muito me orgulho e cuja qualidade foi reconhecida, em junho de 2016, com a atribuição de uma menção honrosa, na categoria de Museu do Ano, por parte da Associação Portuguesa de Museologia. Quanto às piscinas municipais cobertas, Pinhel é um dos dois concelhos da CIMBSE que não tem piscinas cobertas e eu assumi, perante os pinhelenses, o compromisso de mudar esta realidade. Estamos a escassos meses da inauguração de um equipamento moderno, que foi concebido tendo presente a dimensão do nosso concelho e que vai trazer para as crianças do concelho, para os utentes das IPSS e para a população em geral, um aumento significativo da qualidade de vida. O dia da inauguração destas piscinas será também um marco no meu percurso enquanto presidente da Câmara Municipal porque estarei a honrar o compromisso que assumi com os meus munícipes e contribuir para um concelho mais moderno, mais amigo dos munícipes e ainda com mais qualidade de vida.