Mais de 200 funcionários da Carveste ficaram sem trabalho na passada quarta-feira após a empresa de confeções de Caria (Belmonte) ter suspendido os seus contratos.
Este desfecho aconteceu no dia em que os operários, a maioria mulheres, pararam a laboração no período da manhã para reivindicarem o pagamento de salários em atraso referentes ao mês de junho e a dias de julho. Marisa Tavares, delegada sindical, adiantou que o prazo para o pagamento de junho tinha sido estabelecido pela própria empresa e terminou na terça-feira. «Em junho fizemos dois dias de greve para conseguirmos que nos pagassem o mês de maio. Andamos sempre nisto a receber tarde e às prestações, mas precisamos dos empregos. Por isso, fizemos um acordo», declarou a sindicalista aos jornalistas. As trabalhadoras temem que esta suspensão dos contratos de trabalho seja «o primeiro passo» para o desemprego e apelam às entidades responsáveis para que deem seguimento ao processo de recuperação da Carveste, que aderiu ao Processo Especial de Revitalização em meados de julho.
«Nós não queremos a suspensão, queremos trabalhar e queremos o nosso trabalho. Queremos encontrar uma forma da empresa não encerrar e tudo faremos para que essa revitalização tenha seguimento», sublinhou a delegada sindical. Na manhã de quinta-feira, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, esteve na fábrica para participar num plenário onde as trabalhadoras decidiram solicitar reuniões com carácter de urgência aos ministérios da Economia e do Trabalho. Antes disso, na última segunda-feira deslocaram-se ao Centro de Emprego da Covilhã para requererem o subsídio de desemprego até que fique decidido o futuro da empresa. Uma comissão de trabalhadores também vai procurar apoio junto das Câmaras da Covilhã, Fundão e Guarda, concelhos de onde são originários alguns dos funcionários da Carveste. Entretanto, o edil de Belmonte anunciou que vai pedir uma reunião no ministério da Economia sobre o caso.
«Estamos a acompanhar a situação com alguma preocupação, mas vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que a empresa não feche portas», afirmou Amândio Melo, que recebeu os representantes dos trabalhadores e elementos do Sindicato Têxtil da Beira Baixa (STBB) na sexta-feira. A difícil situação financeira da Carveste arrasta-se há vários anos. Apesar de ter encomendas e trabalho, a vida desta empresa de confeções, que chegou a empregar mais de 500 pessoas, tem sido feita de salários em atraso e paralisações dos seus funcionários. Atualmente, segundo o STBB, estão por pagar 50 por cento do subsidio de férias de 2009, os salários de junho e julho e o subsídio de férias deste ano.
Luis Martins