Portugal tem, desde 1974, um regime democrático. Os demais países da União Europeia também têm, como não podia deixar de ser, regimes democráticos. Os EUA têm também um regime democrático.
O senhor Bush e os líderes da UE entendem como um dever e um direito tornar extensivo a todos os povos da terra o que têm de mais sagrado: a democracia. Ora a democracia, sendo o regime que vai dando aos cidadãos a ilusão de que são soberanos, assenta nos dogmas (como ensinava Alfredo Pimenta) do sufrágio universal e da partidocracia. E é por meio destes dogmas que os povos são enganados e burlados.
As altas instâncias internacionais, Bush e a UE, parecem, por vezes, mais interessados no expansionismo da democracia do que em ajudar a resolver os problemas da guerra, da fome, das doenças e de muitos outros males de que sofrem os povos para onde transportam o regime. O importante é que enfiem o fatinho democrático, que, talhado por alfaiate de tempos idos, a todos fica bem!
Como cristão e português, sou, necessariamente, pelo bem-estar e progresso do meu povo e, da mesma maneira, de toda a Humanidade. Em Portugal, e ainda bem, não se antevê, nem a curto nem a médio prazo, nenhum golpe de estado. Não fosse a independência que há muito já não temos, esse cenário seria bem possível dada a situação muito grave para que o regime tem arrastado o país.
Os regimes políticos, como é sabido, têm menos durabilidade que as Pátrias. É falso que só haja totalitarismos e democracia (ditadura do número, como muito bem lhe chamava Alfredo Pimenta. Estou convicto que se só houvesse liberdade de expressão em Portugal, o país poderia ter no futuro (ainda que distante), sem golpes de estado e sem guerra civil, um regime político alternativo ao vigente. E, de certeza, bem melhor!
J. M. Marques Crespo de Carvalho, Coimbra