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O estertor da Estrelacôa

Associados evitaram dissolução de agência de desenvolvimento inactiva há mais de dois anos para cobrar dívidas

A “montanha pariu um rato” no caso da dissolução da fantasmagórica agência de desenvolvimento regional Estrelacôa. Contra todas as expectativas, os associados desta entidade inactiva há mais de dois anos decidiram continuar com o projecto para garantir a cobrança de dívidas e evitar que o distrito não possa voltar a dispor de uma agência de desenvolvimento após o desaparecimento da Estrelacôa. Dois argumentos que prevaleceram segunda-feira durante a assembleia geral extraordinária, onde o tema da dissolução, o principal ponto da reunião, não chegou sequer a ser discutido.

«O assunto foi adiado porque esta decisão tem que ter o aval da grande maioria dos associados presentes, o que não aconteceu, tendo-se então optado por encontrar medidas para a continuação do saneamento financeiro da associação e são essas medidas que vamos agora implementar», explica Teixeira Diniz, presidente da Assembleia Geral da Estrelacôa. O também dirigente do Nerga considera que esta é mais uma tentativa para «continuar a trabalhar, arrancar novamente ou deixar de funcionar», depois de quase dois anos sem trabalho «efectivo». Uma posição diferente assumiu inicialmente Jorge Godinho, presidente da Associação Comercial da Guarda (ACG), organismo que presidiu à direcção da agência desde 1998, sendo que uma das vogais é a Câmara da Guarda. Em declarações à Rádio Altitude, o empresário defendeu o fim da Estrelacôa por considerar que «não há viabilidade para continuar» e anunciou que quatro associados, entre os quais a ACG, apresentaram uma proposta de dissolução da agência. «Não atingimos os objectivos que estavam previstos e há que assumir quando as coisas não correm bem. Outros projectos novos virão», concluiu Godinho. A Estrelacôa, Agência de Desenvolvimento Territorial da Guarda, foi fundada em 1998 com o objectivo de ocupar um espaço desocupado no distrito na promoção do desenvolvimento local e até promoveu um colóquio sobre “Desenvolvimento Regional e Instrumentos de Desenvolvimento” por essa altura. A agência foi anunciada como sendo uma forma de «racionalizar» o trabalho de vários agentes, que «no mesmo espaço físico repetem as mesmas acções, desperdiçando recursos humanos e financeiros», explicava um folheto de apresentação. A sua meta era coordenar e planear, em termos estratégicos, o desenvolvimento regional e rentabilizar melhor esses mesmos recursos, de uma forma coesa e sustentada, para evitar a repetição das acções. Nessa altura, tanto os seus associados, como os seus parceiros, constituíam para a Estrelacôa os grandes actores do desenvolvimento regional. Passado cinco anos, o balanço da agência não podia ser mais negativo, dado o seu diminuto contributo para a finalidade a que se propunha inicialmente. Para além da edição de várias brochuras, dos habituais CD-ROM e dos pagamentos a funcionários e técnicos contratados, pouco mais produziu desde 1998, sobrevivendo a um verdadeiro “estado de coma” financeiro e funcional desde 2000.

Luis Martins

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