Arquivo

«O espírito solidário foi maior do que estávamos a contar»

Cara a Cara – Entrevista

P – Quando o movimento cívico que integra pensou na iniciativa “Covilhã Solidária”, esperava tamanha adesão por parte da população?

R – Inicialmente pensámos que só faria sentido se envolvesse muita gente e muitas entidades. Entretanto, quando começámos a convidar as pessoas, percebemos que havia um potencial muito grande e que muita gente estava disposta a ajudar, como o reitor, os vice-reitores ou os vereadores, e eles também sugeriram outras pessoas que podiam estar interessadas. Até tínhamos previsto uma participação inferior de pessoas, mas começámos a perceber que, realmente, o espírito solidário era maior do que aquele com que estávamos a contar e chegámos então às 64 pessoas que desfilaram. Também a “passerelle” não era para ser como foi, mas com tanta gente tivemos que colocar as pessoas a desfilar duas a duas, pois, caso contrário, estávamos ali a tarde inteira. Por outro lado, achámos engraçada a ideia dos adultos irem acompanhados por crianças, não só para se desinibirem, mas também para ser uma festa para os mais pequenos. No fim de contas, independentemente da questão financeira, foi uma festa para aquelas crianças e isso acho que foi marcante.

P – A receptividade por parte das figuras públicas foi então a melhor?

R – Foi a melhor e até se disponibilizaram para próximos projectos que possamos vir a desenvolver.

P – Superou as melhores expectativas, tanto em termos de adesão da população, como na vertente financeira?

R – O valor final ainda não está totalmente apurado porque a venda dos bilhetes tinha sido dividida por muita gente e porque continuamos a ir buscar às empresas os apoios que nos disponibilizaram. Mas é certo que ultrapassámos os 21 mil euros estipulados inicialmente.

P – As verbas angariadas vão ter uma grande importância no quotidiano das três instituições beneficiadas?

R – Tentámos que as verbas não sirvam para a gestão corrente das instituições, mas antes para um projecto em concreto. Portanto, juntamente com a antiga vereadora Maria do Rosário, que estava ligada a esta área, e com a Câmara da Covilhã, identificámos os projectos que seriam mais prementes. Foi com estas três instituições que decidimos concretizar esta iniciativa por desenvolverem um trabalho extremamente meritório, muitas vezes até pouco reconhecido.

P – O critério seguido para esta escolha foi mesmo o dos projectos?

R – A ideia era tentar identificar quem precisasse de dinheiro. Nesse sentido, vamos tentar que este projecto também possa beneficiar outras instituições, porque, se conseguimos congregar todas aquelas figuras e elas se motivaram para nos ajudar em novos projectos, temos que ir agora inovando. Daquilo que me lembro, nunca ninguém em Portugal, ou no Mundo, se calhar, fez um projecto idêntico. Fomos, de alguma forma, inovadores na forma de ajudar e vamos tentar continuar e fazer mais iniciativas, aproveitando a disponibilidade destas personalidades.

P – A segunda edição da “Covilhã Solidária” pode ser uma realidade?

R – Não sei. Acho que quando as coisas passam a ter um regime anual, começam a ser obrigatórias e aí já não têm a mesma piada que tiveram na primeira vez. Com este ou outros projectos, queremos é que quem tiver ideias nos contacte. Tem que partir daí, porque todos temos as nossas vidas e, profissionalmente, não é esta a nossa vocação, mas temos disponibilidade para ajudar. Precisamos é de ideias.

P – O que é preciso para o projecto da Casa de Acolhimento para Crianças Desfavorecidas ir avante?

R – Normalmente costuma dizer-se que não se devem anunciar as coisas antes de elas estarem concretizadas. O que fizemos foi anunciar uma ideia para ver quem se disponibiliza a ajudar. Pensamos que faz sentido um projecto deste tipo, pelas necessidades e carências que existem, mas vamos ver. A iniciativa “Covilhã Solidária”, realizada no pavilhão da ANIL, foi o resultado da boa vontade de várias pessoas, desde a Câmara ao Governo Civil de Castelo Branco, passando pela ANIL, os próprios funcionários do Parkurbis, entre as muitas outras entidades que nos ajudaram e apoiaram, num total de cerca de 40.

P – Pode dizer-se então que esta Casa é um sonho?

R – É. É um bocadinho como pormos uma cenoura para ver se todos conseguimos lá chegar. Havendo essa necessidade, foi demonstrado com o espírito do “Covilhã Solidária” que conseguimos lá chegar.

P – Há ainda outra novidade que é a edição de um DVD.

R – Sim. Temos imagens desta iniciativa e vamos editar um DVD, produzido pela empresa “Lobby Produções”, que abriu o evento, cujo objectivo é ser vendido às pessoas que desfilaram e aos demais interessados. Estamos agora a começar a trabalhar nisso com o mesmo espírito solidário.

Sobre o autor

Leave a Reply