Os serviços do Governo Civil da Guarda vão funcionar à hora de almoço para «melhor servir os cidadãos». Esta é a primeira medida de Santinho Pacheco e foi anunciada na passada sexta-feira, durante a cerimónia de apresentação de cumprimentos à cidade e ao distrito do novo Governador Civil.
Numa intervenção carregada de memórias e afectos, Santinho Pacheco apelou à união dos 14 autarcas do distrito, avisando-os que «este é o tempo de projectos em rede e não de iniciativas solitárias, que não têm qualquer reflexo na consolidação sócio-económica do concelho ou da região». E para ajudar a reconstruir essa solidariedade e coesão distrital propõe-se retomar as reuniões periódicas, de forma rotativa pelos municípios, em que participarão os serviços desconcentrados do Estado, para que haja «soluções rápidas» para os problemas de cada um. O Governador também quer dinamizar o intercâmbio sócio-cultural no distrito, fomentando a itinerância de grupos e espectáculos, e criar, em 2010, um comissariado distrital para as comemorações do Centenário da República. «Queremos uma programação descentralizada à altura das tradições republicanas do distrito da Guarda», afirmou, esperando contribuir com estas acções para «reforçar as ligações intermunicipais e a coesão distrital».
Isto, para que o distrito se apresente «como um bloco» nas reuniões preparatórias do processo de regionalização que poderá acontecer «a qualquer momento» nesta legislatura. «É hoje consensual que a região Centro se deve manter unida e formar a futura região das Beiras. Para termos voz e capacidade negocial, temos de reforçar o espírito de unidade entre os nossos 14 concelhos», afirmou. «Temos de estar unidos como distrito e nunca esquecer que a Guarda só será grande se o distrito for grande e que o distrito será maior, quanto maior e mais competitiva for a sua capital. Só assim a Guarda será, verdadeiramente, distrito», sentenciou. Quanto ao seu papel institucional, Santinho Pacheco considera ser sua função «interpretar o programa do Governo, por forma a procurar as oportunidades de acções e investimentos que possam aplicar-se às especificidades do nosso distrito», tendo sinalizado a economia, o emprego e a segurança social como os sectores a privilegiar no imediato.
O Governador voltou a reiterar que vai estar «particularmente atento» às instalações e equipamentos dos bombeiros, mas também à necessidade de modernização do aeródromo de Seia e de equipamento de limpeza de neve «eficaz» na Guarda. Outros problemas que herda são a falta de condições dos comandos da PSP e GNR. Nesta sessão, intervieram ainda Maria do Carmo Borges, que pediu ao seu sucessor para «levar ânimo às pessoas em cada canto do distrito para que não baixem os braços». Por sua vez, Joaquim Valente, autarca da Guarda, considerou que Santinho Pacheco é «o Governador Civil que precisamos para o desenvolvimento do distrito», enquanto o decano dos autarcas, o social-democrata Júlio Sarmento, admitiu que «todos os conflitos gerados na região são colheita dos nossos desencontros». O edil de Trancoso prosseguiu dizendo que o distrito precisa de «medianeiros a sério», pois «estamos condenados a encontrar soluções em conjunto» e avisou que vai ser preciso «dizer não» ao Governo: «O interior e as nossas palavras não podem ter apenas um estatuto de menoridade», afirmou.
Luis Martins