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O debate

1 – O que achou do debate? 2 – Em sua opinião qual o melhor modelo para a região ?

João Prata, Delegado do IPJ

1- Concluo do debate que há uma vontade clara de aproveitar aquilo que está escrito na lei – e essa vontade foi expressa pelo Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, mas não quero com isto dizer que concordo com a agregação dos municípios. Mas pelo menos vi alguém lutar por uma ideia e por um projecto. Em contraponto, vi representantes do nosso concelho, nomeadamente a Câmara Municipal da Guarda, a portarem-se como Pilatos “já votámos a posição e daqui para a frente não se muda”. A minha opinião particular é mais virada para o IP5, apesar de se ter falado principalmente no debate da A23, porque é uma realidade recente. Mas não podemos esquecer que daqui a três anos vamos ter a A25 que nos vai ligar rapidamente ao litoral.

2- Pessoalmente gostava que o meu distrito, ou pelo menos a minha cidade, se juntasse ao litoral e não à zona de Castelo Branco. No entanto, como segunda opção, não tenho dúvida que a única dimensão que interessa à Guarda, se não for possível aquela que eu defendo, é mesmo a junção do distrito da Guarda a Castelo Branco.

Jorge Patrão, Presidente da RTSE

1- O debate foi positivo porque permitiu esclarecer uma série de matérias sobre o andamento de um processo de descentralização. O mais importante foi a noção de que uma Comunidade Urbana deste tipo será mais importante quanto maior for e mais população aglutinar. Tudo isto só terá significado se houver descentralização de meios financeiros e de serviços da parte do Estado.

2- Defendo uma comunidade que aglutine o máximo possível de municípios e de população, usufruindo do prestígio de uma marca consolidada que é a Serra da Estrela. Não digo que se deve centrar, mas potenciar a Serra da Estrela.

António Saraiva, director executivo do PolisGuarda

«O debate foi muito importante, na medida em que é um tema com uma importância vital para o país e principalmente para a nossa região. Penso que se trata de uma lei que tem muitas qualidades ao contribuir para uma descentralização que é necessária e urgente no nosso país. No entanto, é uma lei que apresenta muitos vazios e desencadeia a dúvida da “regionalização encapotada”, já que em termos de associação de municípios se podem associar com princípios e objectivos muito específicos. A mim deixou-me outro medo. Porque quando dizem que quanto maior melhor, que nos devemos juntar aos ricos, e quanto mais ricos mais ricos ficaremos, considero que o grande problema da não descentralização do país é precisamente porque os votos estão onde está o número maior de pessoas.

Crespo de Carvalho, vereador da Câmara da Guarda

1- Reforço só aquilo que já era a minha convicção, é que estamos perante uma reforma fundamental para o futuro de todo o interior e perante dois cenários: um com uma visão de futuro e uma capacidade para ganhar algum desse futuro e que foi, de certa maneira, personalizado neste debate por Carlos Pinto; e outro com uma posição muito redutora, muito à defesa e numa perspectiva de seguir apenas a reboque dos acontecimentos, que foi a posição personalizada pela presidente da Câmara da Guarda, que, jogando à defesa, quer apenas fazer o mínimo indispensável. E, portanto, não é capaz de aceitar este desafio que lhe vou colocar, de fazer um referendo à posição que ela assumiu neste debate, pois não corresponde de maneira nenhuma àquilo que é o sentir da Câmara Municipal da Guarda no seu todo.

2 – A massa crítica é fundamental a todos os níveis, antes de mais para se ser mais eficiente e depois para se ter maior capacidade e ser olhado pelos outros pela dimensão que se possui.

José Robalo, Presidente da ANIL

1-Muito sinceramente, acho que vi poucos políticos a falarem sobre o que querem. Há uma falta de visão estratégica muito grande. Parece que as pessoas acham que estamos bem como estamos e, sendo assim, não percebo porque se faz o PRASD e se diz que somos os pobres do país. Mas pelos vistos, parece que os autarcas acham que estamos bem assim e gostam como estamos. Se continuarmos a adiar as soluções para a nossa região e enquanto não tivermos peso, não somos nada. Muito sinceramente a única pessoa que mostrou estratégia e visão para o futuro foi Carlos Pinto, que tem os pés bem assentes na terra e sabe o que quer. Os outros querem ficar com a sua “quintinha”, situação que vamos pagar muito caro.

2-A comunidade urbana entre Guarda e Castelo Branco. Fazer à volta de 300 mil habitantes não é, ao fim e ao cabo, esta faixa do Interior que vai desde o Tejo ao Douro? Em Lisboa, bastam os bairros Olivais Sul, Olivais Norte, Moscavide e Benfica para decidirem mais que nós. É assim que queremos continuar? Se é isso que as pessoas querem, tudo bem, continuem assim. Mas depois não se queixem.

Ricardo Aires, Vice-presidente da Câmara de Vila de Rei

1- Achei interessante, pois os participantes fizeram uma boa resenha da região em que estamos todos inseridos. Há pessoas com opiniões diferentes e cada um tem razão, mas achei que os oradores foram bem escolhidos. As comunidades são o futuro de Portugal.

2- Falando concretamente de Vila de Rei, penso que o melhor modelo é a integração na comunidade Médio Tejo. Vila de Rei é um concelho na periferia na Beira Interior e temos muitas raízes antigas com os concelhos que vão integrar essa comunidade, como Abrantes, Torres Novas, Constância, Barquinha, Ferreira do Zêzere, Tomar e Mação. Gostamos muito do distrito, mas estamos mais virados para Sul. Estamos a mais de uma hora de Castelo Branco e apenas a uma hora de Lisboa. Não digo que não ajudaríamos a fortalecer uma comunidade entre a Guarda e Castelo Branco, mas estamos a organizar os nossos concelhos e pensamos que o melhor para Vila de Rei é o Médio Tejo, com quem temos uma ligação muito forte. Estamos a duas horas da Guarda e não temos grandes afinidades. Uma comunidade entre os dois distritos poderá ser útil a muitos concelhos mas não a nós. Já decidimos a rejeição em reunião de Câmara. O que não quer dizer que, no futuro, não possamos integrar outra comunidade, como está previsto na lei, se não nos dermos bem no Médio Tejo.

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