P – O que levou o Centro Cultural da Guarda a apostar num coro infantil?
R – Já tivemos um coro infantil com cerca de 50 crianças nos anos 80. Mas no ano passado fizemos um concerto de Natal, que resultou de trabalho com alunos da escola de música, e foi o pontapé de saída para recomeçar este projeto. Em janeiro deitámos mão à obra porque era uma coisa que gostávamos, já tinha existido, tinha sido muito bom e estava no nosso pensamento. Mas, por vezes, os projetos não avançam porque também há outros afazeres, mas desta vez o concerto foi o ponto de partida para retomarmos a atividade e muito bem.
P – Quais os objetivos do projeto?
R – O objetivo, para já, é angariar mais crianças. O tempo foi pouco, nós começámos em janeiro e teríamos muito gosto em arranjar mais crianças para o coro. O nosso objetivo é ter mais uma valência no Centro Cultural da Guarda, abrilhantar festas, lares e também puxar pelas nossas crianças. Hoje em dia o que notamos nelas é que não têm a mesma alegria de há 20 anos. Atualmente têm outros divertimentos, como a televisão, as consolas, as playstations, o computador e este projeto é também desviar as crianças dessas coisas porque há o cantar, o participar, o convívio. Tudo isto ajuda as crianças a terem também uma atividade mais saudável.
P – O reportório infanto juvenil vai ser alargado a outros temas? Qual a é a base para trabalhar este repertório?
R – Começámos com cantigas que já faziam parte do coro dos anos 80. Também estamos a pensar acrescentar uma vertente tradicional para que os jovens se sintam mais confortáveis e temas de natal, tudo depende. Agora, isto foi mais um passo para sair de casa e a partir de agora vamos tentar trabalhar outros temas e mesmo canções que eles pedem porque eles têm também um repertório mais alargado.
P – O projeto está aberto a mais inscrições? O que é devem fazer os interessados?
R – Está, o tempo também foi pouco. Para já, os elementos do coro fazem parte da escola de música, mas está alargado a toda a população jovem até porque há projetos que gostaríamos de fazer e precisamos de meninas com 13 ou 14 anos com uma voz mais formada. De qualquer maneira está aberto, daí ser um coro infanto juvenil. Os interessados devem dirigir-se ao Centro Cultural, a inscrição é gratuita, e depois serão informados de horários e ensaios.
P – Por que acabou o primeiro coro infantil do Centro Cultural da Guarda?
R – Porque nessa altura essas crianças – uma delas é a Vera Oliveira e a minha filha, que se encontram na casa dos 30, e temos vindo a receber um bom “feedback” através do facebook – tinham mais disponibilidade. Havia muito mais alegria, mais descontração. O Centro Cultural tinha uma vertente musical em grupo e tivemos que cessar, passando cada professor a dar isso nas suas aulas porque não conseguíamos formar um grupo ou uma classe de formação musical porque os jovens têm diversas atividades desde o judo ao futebol, as piscinas e lecionações. Falamos de crianças que ainda frequentam a escola primária e já têm lecionações e nessa altura não havia nada disso, não tinham esses passatempos e isto para elas era um “miminho”, vinham com a maior das alegrias. Hoje não se nota tanto isso nas crianças, temos que ser nós e os pais a puxar por elas porque os pais também são fundamentais nestas coisas. Tivemos meninos que participaram no concerto de natal e depois chamámo-los e a resposta foi “ai eu não sei cantar, eu não gosto de cantar” e, portanto, aqui os pais também têm que os incentivar em casa. Salvo raras exceções, isto para eles é fútil enquanto naquela altura era muito bom, as crianças vinham com toda a maior boa vontade.
P – Já têm concertos marcados?
R – Não, já tivemos um convite para maio, mas para já vamos participar na peça de teatro “25 de abril” que será apresentada no Paço da Cultura e depois da Páscoa vamos retomar os ensaios. O próximo concerto resulta do convite de um pai que falou na possibilidade de irmos atuar numa festa, cujo local não me recordo, e vamos a isso. Como sabe, o Centro Cultural também tem um coro sénior e propuseram fazermos um trabalho conjunto. Estamos muitos empolgados com isso, até porque temos apenas 16 meninos mas eles estão com muita vontade e isso também nos ajuda a querer continuar.
P – Está incluído no objetivo do projeto editar um CD?
R – Para já vamos com calma, até porque para o CD eu apostaria também nalguns temas originais sem ser coisas cantadas por outros, pois ainda agora estamos a começar. Como se costuma dizer, não vamos pôr a carroça à frente dos bois, mas seria muito bom se conseguíssemos alcançar esse patamar.
P – Foi fácil envolver estes jovens no coro?
R – Nesta altura eu penso que sim. Eu, por acaso, faço parte da paróquia de São Miguel e o seu grupo de jovens é muito participativo, cantam muito bem. Sei que, se calhar, um sozinho não viria, mas penso que há muitos jovens que gostariam de participar neste coro. É uma questão de fazermos um apelo à comunidade, até porque acho que há muitos jovens a querer e a cantar bem e também temos que os motivar. Já agora, entre quem quisesse vir também gostaríamos de ter alguém que soubesse tocar porque naquela altura, nos anos 80, também tínhamos jovens da escola de música a tocar no coro. Portanto, também são bem vindos os jovens que toquem guitarra ou qualquer instrumento que possa vir a ser válido.