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O charme mora na aldeia

As Casas do Côro iluminam Marialva há 18 anos

A Aldeia Histórica de Marialva, no concelho da Mêda, é a mais enigmática e mística das aldeias portuguesas. Ali, por entre pedras e ruínas do que foi uma vila medieval, no cimo de uma colina, como se fosse um velho casco ancorado sobre um planalto imenso, onde acaba a Beira e começa o Alto Douro, Carmen e Paulo Romão deram vida a um singular projeto turístico: as Casas do Côro. Há 18 anos (a comemorar na Páscoa de 2018), o jovem casal entregou-se à ideia, então peregrina, de dar vida a casas de turismo em aldeia com a recuperação de uma casa próxima das muralhas. Para Carmen era o regresso à aldeia de onde era originária a família, para Paulo era aventurar-se por um mundo novo, ele que “vinha” dos têxteis. Para os dois, numa excêntrica harmonia e devoção, foi inventar em território inóspito o mais requintado complexo turístico do interior de Portugal. A dedicação, o charme, a qualidade dos aposentos e o saber receber afirmaram em pouco tempo as Casas do Côro como um alojamento de referência. 18 anos depois, e com uma dúzia de casas e 31 quartos, em Marialva, por terra, pelo ar ou subindo o Douro, chega-se a um pequeno oásis de glamour e requinte.

As Casas do Côro são um boutique hotel, um lugar mágico de gastronomia frondosa e vinhos de aroma superior. Um alojamento onde todos se sentem em casa, fora de casa, porque Carmen e Paulo são incansáveis na hospitalidade e na busca da satisfação de hóspedes que procuram uma experiência única por territórios recônditos. Muito para além das ruínas e das muralhas, que Saramago glosou, das casas bucólicas ou dos piqueniques na vinha, há propostas para viajar Douro abaixo, sunsets, noites bem dormidas ao relento, cicloturismo, viagens pelo tempo de camioneta e um SPA que é a nova estrela que cintila por entre o sossego e a placidez do lugar – um Eco Friendly Concept SPA, um espaço de saúde, beleza e bem-estar, concebido entre oliveiras e pedras memoráveis. E um restaurante, que serve iguarias tradicionais e os pratos únicos que a Carmen reinventou.

«Temos uma oferta de tudo aquilo que acontece nos melhores sítios do mundo» nas Casas do Côro

Para Paulo Romão as Casas do Côro são, hoje, essencialmente, «uma operação qualificada: um hotel belíssimo, com um restaurante belíssimo». «Nós abrimos na Páscoa de 2000, eu tenho dito que estamos perto da maioridade, e nestes 17 anos mudou tudo. Hoje temos uma operação com uma oferta de tudo aquilo que acontece nos melhores sítios do mundo». Para o empresário «a pessoa que nos visita não sente falta de nada; e é por isso que volta». E dá um exemplo: «a semana passada fizemos um passeio de barco com um casal belga que já é a terceira vez que vem» e aquilo que mudou foi «uma operação mais estruturada, uma equipa de trabalho que passou do amadorismo ao profissionalismo – hoje temos 25 colaboradores fixos, no verão chegámos a ter 40». Esta nova realidade, resultado do crescimento e da internacionalização de um projeto que cada vez depende menos do mercado nacional que, «neste momento, vale cerca de 15 por cento», tal como o mercado espanhol que «vale também 15 por cento, o resto é o mundo» para concluir que «são hóspedes de 62 países, neste momento; acrescentámos dois países novos a semana passada: um foi Trinidad y Tobago e o outro foi Letónia». É este o mundo de que fala orgulhosamente Paulo Romão. «E todos os dias temos uma surpresa nova, que é o resultado do trabalho que estamos a fazer: um trabalho de pesca à linha» e explica que, por exemplo na semana passada, «foram 78 reuniões em três dias e meio em slots de 15 minutos em que apresentamos o produto» no seguimento de uma estratégia e de um investimento que «implica um grande esforço a todos os níveis». «Os resultados não aparecem ao acaso», assevera Paulo Romão. «Às vezes é impressionante: são reuniões de slots de 15 minutos, que nos custam 150 euros cada reunião e fazemos 26 por dia, em três dias e meio» e explica que «se reunir com um operador que quer Golfe, e eu não tenho Golfe, estou a deitar o meu dinheiro fora» mas «se ele quiser vinho, gastronomia, cycling e natureza, se quiser descanso, se quiser aulas de cozinha, se quiser todas aquelas coisas que nós temos, eu tenho que o agarrar» e termina explicando que «hoje em dia a promoção deste mercado do novo luxo são coisas muito especificas. Não é nada do que era antigamente». «O mundo mudou, tivemos que nos adaptar… não se pode dormir, é um ritmo alucinante, mas dá muito gozo», termina Paulo Romão, para quem as Casas do Côro «é um destino em si mesmo: as pessoas não vêm a Marialva por ser um lugar interessante, é ao contrário, as pessoas vêm à região para ficar nas Casas do Côro». «Nós, neste momento, já temos na cabeça metade das atividades que vamos apresentar em 2018» explica o responsável, para depois concluir que «a inovação neste setor é transcendente. O nosso produto são pessoas, é experiencial, sentimentos e sensações».

Luis Baptista-Martins

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