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O CDS na história da Maúnça

Crónica Política

A recente inauguração de novos espaços na Quinta da Maúnça serviu de pretexto para uma visita a este espaço que a Câmara da Guarda, numa louvável obra, tem vindo a requalificar em termos educativos, ambientais e de lazer.

Ao longo da visita e enquanto apreciava as várias obras e a magnífica vista da Guarda que de aí se desfruta, veio-me à memória um episódio que penso ter-se passado em 2001, quando a Câmara da Guarda, presidida pela Dr.ª Maria do Carmo Borges, levou à Assembleia Municipal uma proposta para vender por 120.000 contos os 71 hectares da Quinta da Maúnça a uma empresa da Covilhã, para alegadamente aí desenvolverem um projecto turístico.

Colocado o assunto à discussão, era previsível a sua aprovação, pois nem o PS nem o PSD se mostraram contra, facto que me causou grande apreensão pelo péssimo negócio que a Câmara estava a fazer, pois como é sabido todas as cidades tendem a crescer para junto das principais vias de comunicação, e neste caso, tratava-se de uma área significativa, próxima da A25 e da A23, circunstância que leva a uma grande valorização desses terrenos.

Por outro lado, a cidade não dispunha então de um espaço natural compatível com a actual dimensão urbana, dado que a antiga mata, hoje Parque Municipal, foi vendo diminuir a sua área pelas sucessivas construções que lá foram fazendo.

Os 71 hectares da Maúnça poderiam também ser uma boa reserva de terrenos para a Câmara, permitindo-lhe de futuro reutilizá-los de forma integral ou fraccionada, em vários projectos tanto de natureza pública e social, como mesmo em termos financeiros com a alienação de parcelas.

Estas reflexões levaram-me na altura a comentá-las com o meu companheiro da Assembleia Municipal, o Dr. Pereira da Silva, manifestando-lhe também a pena pela nossa incapacidade em impedirmos este mau negócio, pois os nossos dois votos contra de nada valiam para o efeito.

Enquanto eu procurava digerir esta angústia, reparo que o Dr. Pereira da Silva estava de papel e lápis a apontar uns números e passado uns minutos diz-me: “Eu vou cobrir a oferta. Já estive a fazer contas ao crédito que consigo arranjar e vou oferecer mais um escudo”.

Levantou-se, pediu a palavra e anunciou a sua oferta, com surpresa de todos, em especial da Câmara, que pensando tratar-se de uma brincadeira ainda o ameaçou, dizendo que a proposta ia ficar na acta da Assembleia. Para que dúvidas não ficassem, foi mais tarde enviada à Câmara a dita proposta em carta registada.

Posteriormente, viemos a saber que este negócio tinha já entrado em acordos especulativos de vários agentes imobiliários.

Felizmente, a Câmara reconsiderou e ficou com a Maúnça. Repensou o projecto e hoje todos nós podemos usufruir de um espaço natural agradável. As nossas crianças podem lá aprender e tomar contacto com animais e plantas, conhecê-las, vê-las crescer, e perceber o que é a terra e o seu valor.

Mas tudo isto só foi possível porque um pequeno partido, na Assembleia Municipal, esteve atento e zelou pelo interesse de todos nós.

E também porque alguém com alguns “cabedais” se disponibilizou a comprometê-los no interesse colectivo.

A presente história é um exemplo que ilustra o desempenho do CDS na Assembleia Municipal da Guarda e que comprova que, apesar da nossa reduzida dimensão, somos capazes de estar ao serviço do interesse colectivo, através de propostas concretas para benefício de todos.

Por: Álvaro Estêvão

*deputado pelo CDS/PP na Assembleia Municipal da Guarda

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