Constou-me que ali para os lados da Covilhã um dos candidatos do Bloco de Esquerda à Assembleia Municipal, ostenta o título profissional de… empresário. Para além desta enormidade, fiquei a saber igualmente que o candidato socialista usa bigode, o do PPD liga pouco a poupanças (mas não se sabe se usa meias brancas), o da CDU é suspeito de comungar todos os Domingos e o do CDS toma chá com Fidel Castro. Por mim, tudo bem mas temos que ter em conta que a minha opinião não chega. De facto, em Portugal, há sempre que levar em linha de conta a opinião de cronistas e observadores, cientistas e escritores, intelectuais e letrados. E é aqui que a porca torce o rabo porque há quem não goste.
Acho curiosíssimo que haja quem, à falta de assunto mais em conta (como é o meu caso hoje), se entretenha a debitar meia dúzia de piadas de mau gosto (para quem não gosta, evidentemente) a propósito de características mais ou menos pilosas de candidatos autárquicos. Curioso mas legítimo, num país em que, como assinalava João Soares há uns anitos, “até as putas se vêm”. E se estas se vêm, os padres casam, os patrões são de esquerda, o proletariado vota CDS e os cronistas podem escrever as asneiras que quiserem (novamente como é o meu caso, hoje).
Vem tudo isto a propósito do artigo de há uma semana do Nuno Amaral Jerónimo que, pelo simples facto de ser cidadão de um país livre e democrático, tem o direito de analisar os ornitorrincos que quiser, catalogá-los, desancar no BE, nos portugueses com bigode (os seis milhões de benfiquistas e mais dois ou três reformados adeptos do Belenenses) e em tudo o que mexe. Direito tem, mas passa a merecer igualmente que alguém o leia e decida queimar a sua falta de assunto comentando-o.
Bom, e como pouco mais tenho para dizer e o fim da página é já ali, a crónica acaba já aqui.
António Matos Godinho
Candidato pelo BE à Assembleia Municipal da Guarda, funcionário público, trabalhador por conta de outrem, sem bigode. Fato e gravata só em casamentos e alguns funerais. Ah! Apreciador da beleza exterior feminina… quando existe.
Por: António Matos Godinho
