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“O Auto da Barca do Inferno” revisitado

Espectáculo encenado por John Mowat estreia amanhã no Teatro Viriato, em Viseu

“O Auto da Barca do Inferno”, talvez das obras mais representadas do dramaturgo Gil Vicente – pai do teatro português -, chega ao palco do Teatro Viriato – Centro Regional das Artes do Espectáculo das Beiras (CRAEB), esta sexta-feira. A encenação é de John Mowat, um dos mais consagrados mimos ingleses, e a interpretação fica a cargo da Companhia Paulo Ribeiro.

Trata-se de um espectáculo que, segundo o encenador, pretende tornar o teatro acessível, mostrando que é divertido, emocionante e informativo, daí o apelo à participação da própria comunidade viseense, desenvolvendo a sua imaginação e levando-a a criar uma grande cumplicidade com as personagens. A selecção rigorosa do texto, que limita o uso da palavra e evoca apenas a essência da estória, é disso reveladora. O objectivo é jogar com o improviso e adaptar as personagens burlescas de Gil Vicente à actualidade, numa sátira às classes sociais movidas pelo poder e pelo dinheiro. A técnica utilizada por John Mowat é inovadora, privilegiando o lado físico e visual da interpretação, ao mesmo tempo que combina o humor com recursos cénicos e técnicos. Uma «paródia-lunática» é o que se espera de um mestre na arte de contar histórias para além das palavras.

Este espectáculo vai estar também disponível para apresentação nas escolas do distrito de Viseu entre Janeiro e Fevereiro de 2004. John Mowat nasceu em Londres, estudou escultura, pantomima e tem desenvolvido o seu trabalho enquanto performer e encenador. Em Portugal, para além de inúmeras actividades pedagógicas, criou a Companhia Chapitô, os espectáculos “O Café” (Expo 98), “Leonardo” (2000) e “Romeu e Julieta” (2001). Fundada em 1995, a Companhia de Paulo Ribeiro é desde 1998 a companhia residente do Teatro Viriato. Com 11 produções no currículo, Paulo Ribeiro trabalhou com algumas das mais prestigiadas companhias de dança contemporânea europeia e apresenta-se regularmente nas principais salas de espectáculo da Europa, Brasil e Estados Unidos. Paralelamente, as memórias dos cinco anos de existência do Teatro Viriato podem ser apreciadas até ao dia 27 de Março na galeria de exposições. Um trabalho do fotógrafo José Alfredo reunido numa mostra retrospectiva dos melhores momentos dos espectáculos vividos em palco, nos cantos e recantos do teatro, desde a data da sua reabertura, a 29 de Janeiro de 1999. “Raízes Rurais, Paixões Urbanas”, encenado por Ricardo Pais e com direcção musical de Mário Laginha, foi o primeiro a subir ao palco depois de concluídas – em Janeiro de 1999 – as obras de recuperação do teatro, que esteve encerrado 39 anos.

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